A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) revelou esta segunda-feira que 80% dos camiões dos seus associados estão a abastecer em Espanha, devido ao preço mais baixo dos combustíveis no país vizinho.

“Atualmente, Espanha é o país que mais garante o abastecimento aos transportadores portugueses”, denunciou esta segunda-feira a Antram, que fez um levantamento junto dos seus associados, segundo o qual “cerca de 80% dos camiões nacionais abastecem no país vizinho”.

Num total de 15.000 camiões de transporte de mercadorias dos associados da Antram, cerca de 12.000 estão a abastecer em Espanha, adianta a associação, com base num inquérito realizado recentemente junto das empresas que representa, explicou à Lusa o presidente da Antram, Gustavo Paulo Duarte.

“Apenas 10% o fazem em Portugal, seguido de França e Alemanha, com 5% cada”, revela o mesmo inquérito às empresas de transporte de mercadorias, após o aumento do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP) em seis cêntimos por litro de gasóleo e de gasolina, em vigor desde meados de fevereiro.

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Depois de falhadas as tentativas de negociação com o Governo, através do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, para minimizar o impacto do aumento do ISP, a Antram tem nova reunião agendada para 30 de março, com o ministro Adjunto, Eduardo Cabrita.

A Antram antecipa que a justificação do Governo para a medida se mantenha – compensar a queda preço do petróleo nas contas públicas: “Acontece que esta baixa se reflete em todos os países e, se em Portugal a carga fiscal for superior, as empresas portuguesas deste setor terão necessariamente um custo de produção superior aos demais concorrentes europeus”.

Na sequência dos encontros, o Governo propôs uma majoração do custo com o combustível em 20%, em sede de IRC, o que a Antram rejeitou por considerar que “não permite atingir o valor que as empresas terão que suportar com o aumento do ISP”.

Mais do que não sofrer este agravamento, as associações querem que o preço dos combustíveis, que representa 35% dos custos das empresas do setor, seja equiparado ao praticado em Espanha, o que deverá ocorrer através da devolução do ISP, com base no consumo real de combustível.