A economia deverá crescer 1,5% em 2016, o mesmo que no ano passado. A previsão anterior do Banco de Portugal era de 1,7%. Em 2017, o crescimento também deverá ser menor do que o previsto. O governo prevê um crescimento de 1,8% em 2016, pelo que o Banco de Portugal tem uma previsão mais pessimista em três décimas.

As previsões atualizadas do Banco de Portugal apontam para um crescimento de 1,5% em 2016 e 1,7% em 2017. De acordo com dados divulgados pelo Banco de Portugal esta quarta-feira, 30 de março, a economia deverá crescer 1,6% em 2018 – esta é a primeira vez que surge uma previsão para 2018.

Eis o quadro do Banco de Portugal sobre as projeções atualizadas para o crescimento económico.

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O Banco de Portugal prevê uma “continuação de um crescimento moderado da atividade económica, globalmente em linha com a evolução atualmente projetada para o conjunto da área do euro”.

Na nota sobre as projeções da economia portuguesa 2016-2018 divulgada, o BdP dedica um capítulo à análise dos riscos para a atividade económica, apontando “a eventual necessidade de adoção de medidas adicionais para cumprir os objetivos orçamentais, o que se traduziria numa redução da procura interna face ao cenário base, nomeadamente em 2016”.

Para 2016 antecipa-se um crescimento de 1,5%, semelhante ao registado em 2015, num quadro de deterioração do enquadramento internacional – não obstante a orientação acomodatícia da política monetária – de desaceleração do investimento empresarial e de resiliência do consumo privado corrente”.

Estas previsões da instituição liderada por Carlos Costa para 2016 e 2017 têm em conta as medidas incluídas no Orçamento do Estado para 2016, esclarece o Banco de Portugal. Mas o cenário está “rodeado de vários riscos descendentes”, afirma o Banco de Portugal, destacando, além da eventualidade de novas medidas, a possibilidade de um menor crescimento da atividade e dos fluxos de comércio internacional e a possibilidade de novas tensões nos mercados financeiros.

Relativamente a 2018, projeta-se um abrandamento da atividade para 1,6%, o que traduz a manutenção de constrangimentos estruturais sobre o crescimento potencial da economia portuguesa, com destaque para o elevado endividamento dos setores privado e público.”

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A previsão do Banco de Portugal “revela alguns dos constrangimentos que se continuam a colocar à economia portuguesa: o elevado endividamento privado e público, a evolução demográfica adversa, as distorções existentes nos mercados de trabalho e do produto, o nível de investimento insuficiente e a diminuição do crescimento tendencial nos principais mercados de destino das exportações portuguesas”, nota a instituição liderada por Carlos Costa.

Governo prevê crescimento de 1,8%

O Governo espera que a economia portuguesa cresça 1,8% este ano, de acordo com a previsão que incluiu no relatório que acompanha o Orçamento do Estado para 2016.

Esta projeção é mais otimista do que a dos credores internacionais, embora as estimativas da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) não considerem ainda a versão final do orçamento para este ano.

Em fevereiro, a Comissão Europeia reviu ligeiramente em baixa a previsão de crescimento de Portugal, para os 1,6% este ano, e manteve a projeção de crescimento para 2017, nos 1,8%.

Já as projeções mais recentes do FMI datam também de fevereiro deste ano, altura em que a instituição liderada por Christine Lagarde piorou as suas projeções para a economia portuguesa, antecipando um crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 1,3% no próximo.

Os três objetivos que devem reger a política económica

“A trajetória passada e projetada para o PIB sugere que medidas destinadas a estimular o crescimento económico de curto ou médio prazo devem subordinar-se a políticas que se orientem por três objetivos”, recomenda o Banco de Portugal.

Eis os três pontos:

  • “O primeiro é a necessidade de garantir uma trajetória descendente para o nível da dívida pública, atualmente próximo de 130 por cento do PIB, como forma de assegurar, no futuro, capacidade para absorver choques negativos na economia portuguesa”;
  • “O segundo é a necessidade de avançar com reformas estruturais tendo em vista, em particular, a robustez da economia real e do sistema financeiro e o aumento dos incentivos à inovação e à mobilidade de recursos, ao mesmo tempo que se assegura a previsibilidade do quadro fiscal e institucional”;
  • “Por último, é necessário preparar as gerações presentes e futuras para uma economia competitiva e crescentemente complexa, por meio de políticas de desenvolvimento do seu potencial humano”.