O que é a BoaBoa?

A BoaBoa é uma plataforma de crowdfunding (financiamento coletivo) de Lisboa para Lisboa. Criada por cinco entidades — a Câmara Municipal de Lisboa (CML), a Fundação Calouste Gulbenkian, o Montepio Geral, a Vieira de Almeida e Associados e a Associação para a Inovação e Empreendedorismo de Lisboa —, pretende “criar uma forma alternativa de financiamento de projetos, produtos, serviços e ideias, tendo como origem ou como destino Lisboa”, explica Paulo Carvalho, do gabinete de Inovação da Câmara Municipal de Lisboa, ao Observador.

A plataforma tem uma dupla vertente: oferecer aos empreendedores e a outros públicos “a oportunidade de terem mais um instrumento, mais um canal, para poderem testar projetos, produtos e conceitos, mas também de obterem financiamento através da própria plataforma. Serve para testar e para financiar”, explica Paulo Carvalho. Vai funcionar através de um “mecanismo de doação e recompensa”, habitual em plataformas do género.

É uma plataforma de crowdfunding que não queremos que seja de, ou para, a Câmara Municipal de Lisboa, mas da cidade de Lisboa. É um projeto inovador, de base territorial, de uma capital europeia”, resume o responsável.

Quando vai ser lançada?

Esta sexta-feira, nos Paços do Concelho, em Lisboa. A apresentação ocorre no âmbito da semana do Empreendedorismo de Lisboa.

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Que projetos são aceites?

Há uma condição inerente a todos os projetos: devem ser aplicáveis à cidade de Lisboa. “Têm que ter impacto, visibilidade, benefícios para a cidade. Queremos transformar este instrumento em algo que possa oferecer mais qualquer coisa à dinâmica de empreendedorismo e inovação” da cidade, explica Paulo Carvalho.

Existem “quatro grande áreas” em que a BoaBoa espera receber projetos: a do empreendedorismo, onde os responsáveis esperam ver “projetos de dinamização económica, projetos empresariais” ligados ao desenvolvimento da cidade; a da inovação social, com “projetos de cariz mais social”; a da academia e investigação, com projetos oriundos “das faculdades e dos centros de investigação” de Lisboa; e a da cidadania, com projetos de cariz mais local, lançados, por exemplo, por “comerciantes e associações de moradores” da cidade.

“Queremos promover as campanhas e ideias de pessoas com talento e motivação em áreas tão distintas como projetos de investigação, de negócios, projetos sociais e culturais”, lê-se no site da plataforma.

A BoaBoa já tem projetos?

Já. No decorrer da apresentação da plataforma serão apresentados cinco projetos. Mas há espaço para mais, explicou Paulo Carvalho. Destes cinco, um está ligado à área da sustentabilidade, outro a um bairro, uma associação local e outro ainda à sustentabilidade e à solidariedade global.

Estes projetos serão uma demonstração daquilo que podem ser projetos interessantes no âmbito desta plataforma”, diz.

No site da BoaBoa, que ainda não está em total funcionamento, há já referência a três campanhas. Uma delas chama-se “1/4 escuro” e tem como premissa experimentar a fotografia tradicional no tempo do digital. A segunda é a “Sobre a alma e o pó dela“, que deixa um desafio: “E se o público financiar diretamente novos autores?”. A terceira, que visa apoiar a “Orquestra geração“, é uma campanha para “aquisição de acessórios e instrumentos de música. Objetivo: possibilitar a continuidade da prática musical de jovens e de comunidades desfavorecidas. Ainda não se conhecem mais pormenores sobre estas campanhas.

Há limites de financiamento?

Há limite mínimo, mas não há máximo. Cada projeto tem de se propor a angariar pelo menos 500 euros. “Abaixo desse linear não é possível à plataforma fazer a gestão dos projetos”, explica Paulo Carvalho. No site da plataforma, a explicação é ainda mais detalhada: “As eventuais receitas para projetos de montantes inferiores tornam inviável o apoio e acompanhamento que queremos prestar aos promotores e apoiantes: assessoria na preparação das campanhas e o seu acompanhamento durante e após o financiamento”.

O promotor estabelece montante mínimo e prazo de angariação [que não pode exceder os 60 dias]. Se a meta proposta for atingida dentro do prazo estabelecido, o promotor recebe os fundos e a plataforma cobra uma comissão de sucesso [de 2,5%, mais IVA]. Se o montante mínimo não for angariado, o promotor não receberá nada e os fundos serão devolvidos aos apoiantes. [Nesse caso] a plataforma não cobrará qualquer comissão”, lê-se no site.

Ainda na página da BoaBoa, os responsáveis dão seis conselhos a quem quer incluir projetos nesta nova plataforma de crowdfunding: “propõe objetivos realistas”, “cria um discurso poderoso”, “passa a palavra”, “oferece recompensas”, “mantém as pessoas envolvidas e atualizadas” e “agradece aos teus apoiantes”.

Os proponentes contarão com “apoio no desenvolvimento das suas ideias”, por parte dos fundadores da BoaBoa e dos seus parceiros, adianta. Esses parceiros incluem, por exemplo, o Gabinete de Empreendedorismo da Universidade Nova de Lisboa, a associação Acredita Portugal e o projeto Lisboa Empreende (uma iniciativa conjunta entre o Montepio e a CML), entre outros.