David Suazo era uma locomotiva. As pernas eram musculadas, imparáveis. Dava-se melhor em correrias do que em toques curtinhos. Era um jogador de contra-ataque e fez miséria no Cagliari, em Itália. Quando saltou para o Inter não foi muito feliz. No Benfica foi mais ou menos. Ou seja, o craque do país nunca chegou muito longe. Esses dias sem sol das Honduras parecem estar a chegar ao fim…
Alberth Elis, o talento maior da seleção olímpica daquele país, está na moda. É um rapaz curioso. Entrou na faculdade para estudar Relações Industriais, mas queria mesmo era Psicologia, contou a Diez. Quem o convenceu (foi mais do que isso) foi a mãe.
Tem pedalada que nunca mais acaba. Gosta de jogar junto à linha, é veloz, toca bem na bola. Está focado. Sonha com Inglaterra. Ao Observador até foi mais longe e disse o clube em que queria jogar. Tem sido o Everton, no entanto, quem tem estado associado a Elis. Segundo a imprensa hondurenha, o clube terá enviado alguns olheiros aos jogos do Olimpia.
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Na segunda jornada do torneio no Rio de Janeiro, contra Portugal, o avançado marcou logo aos 30 segundos. Leu o pensamento de Quioto, seu colega no Olimpia, ganhou as costas a Esgaio, ao segundo poste, poste e enganou Bruno Varela, com um remate à ninja. Rui Jorge já o havia referenciado. Os jornais hondurenhos falavam dele. Não era surpresa. A seleção portuguesa acabaria por virar o resultado, com golos de Tobias Figueiredo e Gonçalo Paciência.
“Foi um jogo muito duro, Portugal é uma muita boa seleção, tecnicamente são muito bons”, começa por dizer ao Observador. “Demos tudo o que tínhamos. Agora é seguir e lutar no próximo jogo”, que é contra a Argentina do filho de Diego Simeone, Gio Simeone. Basta um empate às Honduras para seguirem em frente com Portugal.
E será Elis a grande esperança do futebol hondurenho? “Creio que há muitos bons jogadores, todos tratamos de fazer as coisas da melhor maneira para conseguir e dar bom nome ao país. É o que queremos.”
E, para quem não conhece, que pinta tem? “Sou muito rápido e forte, que vai sempre para a frente”. Check, check e check. Era aflitivo ver os laterais portugueses quando a bola chegava perto de Elis ou, então, quando ele tinha metros para galgar, lado a lado com eles. Era fácil meter dinheiro naquele cavalo.
“Claro que tenho ídolos. Sempre gostei de [Samuel] Eto’o e [Didier] Drogba. Dizem que sou parecido com o David Suazo. Eu trato de dar tudo e deixo que as pessoas comparem”, vai dizendo, entre sorrisos. Está tranquilo e foi surpreendido por ter sido chamado por um jornalista português. Tanto que depois são os dois a serem surpreendidos, quando alguém da comitiva hondurenha pede uma fotografia de ambos, enquanto trocam umas bolas. Seria o reconhecimento internacional, finalmente?
“A Inglaterra é o meu sonho, jogar na Europa. É para isso que trabalho todos os dias”. E clube preferido? “Em Inglaterra tenho alguns, Deus saberá qual”. Se Deus saberá, não sabemos, mas Elis lá revelou depois: “Chelsea, Chelsea…”