A greve dos enfermeiros do Hospital de Santo António, Porto, registou esta sexta-feira uma adesão de cerca de 55%, segundo o sindicato do setor, um número idêntico ao apontado pela administração do hospital que disse “não ultrapassar os 50%”.

Em conferência de imprensa, a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Fátima Monteiro, afirmou que “a taxa de adesão à greve ronda os 55%” e que “os serviços que mais impacto têm — por não haver serviços mínimos – foram o bloco operatório e as consultas”.

“Neste momento os blocos operatórios de cirurgia programada estão todos encerrados, só funcionam as salas de urgência”, disse a dirigente sindical que garantiu que “até as reivindicações estarem satisfeitas, os enfermeiros, se assim o decidirem, continuarão o processo de luta”, que se iniciou no final de julho e já se realizou em diversos hospitais do país.

Integrada no “Plano Nacional de Luta”, o protesto dos enfermeiros do Centro Hospitalar do Porto — Hospital de Santo António, realizou-se no turno da manhã e visou, entre outras revindicações, as 35 horas como período normal de trabalho para todos os profissionais, pondo fim “a uma discriminação que este governo tende em querer manter, apesar de ser ter comprometido por escrito, em resolver”.

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Exigem também a admissão de mais enfermeiros, o pagamento de todo o trabalho extraordinário e a reposição do valor integral das horas extraordinárias.

Fátima Monteiro disse que, de acordo com as informações que recolheu junto dos colegas, o valor total da dívida das horas extraordinárias aos enfermeiros do “Santo António” rondará “os 25 mil euros”.

“Não há enfermeiro que não tenha horas em débito. Cada enfermeiro tem cerca de 170 horas, multiplicando por cerca de 1.300 enfermeiros, façam as contas e percebam quantos enfermeiros é preciso admitir. E há enfermeiros que emigram diariamente. O país investe numa formação altamente qualificada e outros, a custo zero, usam as suas competências. É inaceitável”, frisou.

Segundo a informação disponibilizada à Lusa pela Administração do Centro Hospitalar do Porto, a adesão a esta greve “não ultrapassa os 50%”, salientando que nas consultas “não houve adiamentos”, mas que “53% das cirurgias programadas foram desmarcadas”.

Na cidade do Porto, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses agendou greves nas duas grandes instituições hospitalares: O Centro Hospitalar do Porto e no Centro Hospitalar de São João, a 02 de setembro.