A comunidade científica ficou de respiração suspensa quando a NASA avisou que tinha surpresas sobre a lua Europa. Não eram extraterrestres, mas eram novidades entusiasmantes sobre a “atividade surpreendente” de Europa, a lua de Júpiter onde muitos acreditam que podemos encontrar vida. Não houve desilusão: a NASA confirmou que há um oceano debaixo da camada de gelo da lua jupiteriana e que conteúdo pode estar a ser expelido através de jatos de vapor de água. E prometeu unir esforços para irmos lá “mergulhar” na próxima década. Mas o que têm estas descobertas de importante para os habitantes da Terra? Uma nova “casa” ou, pelo menos, “companhia” a apenas seis anos de nós. Ora vejamos.

Há um oceano na lua Europa

A suspeita não é nova. Os cientistas sabiam, por exemplo, que o campo magnético da lua Europa estava em inversão, mas não conseguiam explicar como: na Terra, o campo magnético é controlado pelos movimentos das camadas magmáticas, mas em Europa não há qualquer atividade vulcânica. Também já se sabia que Europa é o mundo mais próximo da Terra onde pode haver condições de prosperar vida: tem uma atmosfera rica em oxigénio e também hidrogénio, em proporções exatamente iguais às que existem no nosso planeta. Mas ninguém sabia de onde vinham esses elementos tão importantes para os organismos, para a vida tal como a conhecemos.

Agora faz tudo muito mais sentido para os cientistas: a confirmação de um oceano líquido, provavelmente salgado, debaixo da camada de gelo da Europa, justifica que haja uma camada nessa lua capaz de gerar energia suficiente para controlar um campo magnético: é que, quilómetros abaixo do gelo de Europa, há um oceano com duas vezes mais água do que aquela que existe na Terra. Como a radiação que chega de Júpiter é muito intensa, ela consegue separar as moléculas de água em dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio: é daqui que vem aquilo que precisamos para viver.

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Há jatos de água à superfície dessa lua

Mas a existência de um oceano em Europa não é a única boa notícia no meio de tudo isto. O mais importante talvez seja o facto de haver um modo relativamente fácil de “mergulhar” nele, algo inédito na exploração espacial. Embora ainda não seja uma certeza absoluta, a NASA acredita que a superfície de Europa tem “aberturas” por onde são expelidos jatos de água – em estado gasoso – vindos desse oceano.

Isso facilita exponencialmente a missão que tanto a NASA como a ESA ponderam fazer a partir de 2020: é possível recolher amostras do oceano sem ser necessário “escavar” no gelo da superfície de Europa: basta que o robô enviado para as redondezas de Júpiter consiga trazer até nós parte dessa água que sai, como de um géiser, para a atmosfera de Europa. Estudando essas amostras podemos descobrir o que compõe o oceano dessa lua. E descobrir se há ou não possibilidade de haver vida em desenvolvimento já ali, a seis anos de distância.

As probabilidades de haver vida em Europa é cada vez maior

Europa, embora ainda esconda muitos mistérios aos cientistas, parece um mundo primo – senão mesmo irmão – do nosso. Tem uma atmosfera que, embora mais fina, é composta por oxigénio, tem também um campo magnético que consegue servir de escudo para as intensas radiações que chegam a Europa vindas de Júpiter.

Tem hidrogénio e energia interna, apesar de não ter qualquer atividade vulcânica, o que pode assegurar a existência de vida tal como a conhecemos. E para isso contribui ainda o facto de, afinal, ter mesmo água em estado líquido (e muita!).