O metano – um gás 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono como indutor do efeito de estufa, responsável pelas alterações climáticas – pode ser encontrado nas barragens e lagos em grandes quantidades. Este gás liberta-se, maioritariamente, através de bolhas criadas no fundo da água, segundo um estudo que irá ser publicado na revista cientifica BioScience. A quantidade de gás libertado pelas barragens pode representar uma gigatonelada de dióxido de carbono, algo que quase equivale a todas as emissões do Brasil, o sétimo país do mundo que mais emite.

Os investigadores analisaram mais de 200 estudos para verificar a contribuição das barragens para a emissão de gases nocivos para a atmosfera. O que acontece é que a criação dos imensos lagos artificiais onde a água fica represada para a produção de energia ou para irrigação acaba por criar as condições perfeitas para uma maior emissão de gases como o metano.

John Harrison, um dos co-autores disse à Popular Science, que é conhecido que os sistemas naturais produzem metano, “mas o que estes estudos demonstraram foi que os lagos artificiais produzem metano mais rapidamente que os outros sistemas”. Esse investigador explica como é que isso sucede: quando o curso de um rio é interrompido por uma barragem para criar um lago, a matéria orgânica que fica no solo, a vegetação que fica submersa e ainda os organismos que continuam a ser transportados pelos rios e depois se depositam no fundo dos reservatórios acabam por ser convertidos pelos micro-organismos em metano e dióxido de carbono, gases que depois se libertam sob a forma de bolhas, por regra de muito pequena dimensão. Harrison acrescenta que um dos fatores que pode aumentar a emissão destes gases poluentes é o de, nas margens destas reservas de águas, se utilizarem fertilizantes ricos em nitratos.

O cientista afirma que o metano é um gás menos solúvel, pelo que é possível detetar a sua libertação através das pequenas bolhas criadas no fundo dos lagos e que, depois, sobem até à superfície.

As emissões provocadas por estas águas paradas têm tendência para aumentar devido ao aumento da construção de lagos artificiais.

O estudo concluiu ainda que as emissões de gases poluentes através das barragens e lagos são 25% mais elevadas do que aquilo que era estimado.

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