Entre junho e novembro deste ano, Portugal vai receber, pelo menos, mais 38 mil doses de vacinas contra a hepatite A, revelou ao Observador Diogo Medina, médico do Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT), citando informação de uma das duas farmacêuticas que produzem o medicamento.

“São ótimas notícias”, afirma o médico de saúde pública. “Juntando-se às 12 mil que já tínhamos, deve chegar para controlar o surto, por um lado, e, por outro, assegurar as necessidades habituais do país fora de alturas de surto (habitualmente precisamos de 36 mil por ano, em anos normais)”, explicou Diogo Medina, sublinhando a importância de “fazer este stock [das 12 mil] perdurar até ao início do verão” pois assim “não vai nunca haver interrupção, e essa é a circunstância ideal, que outros países europeus não conseguiram”, como Espanha.

Lembre-se que esta quinta-feira, e no seguimento do alerta do GAT para o baixo número de vacinas (12 mil), o Infarmed já tinha garantido que Portugal dispunha “de um número adequado daquelas vacinas face às necessidades identificadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), tendo em conta a utilização de acordo com os critérios que constam da norma publicada no dia 9 de abril pela DGS”. E acrescentou que “o Ministério da Saúde tem mantido estreita articulação com as empresas titulares destas vacinas, estando planeadas entregas adicionais e faseadas destas vacinas durante o ano de 2017, em quantidade suficiente para normalizar a utilização no mercado português”, sem revelar o número adicional de vacinas que chegaria ao país.

Quase 500 pessoas vacinadas só em Lisboa

Diogo Medina, do GAT, informou ainda que “a vacinação em Lisboa corre a bom ritmo, com quase 500 pessoas das populações prioritárias já vacinadas”. E por populações prioritárias entende-se aquelas que estiveram em contacto com doentes, os homens que têm sexo com outros homens (HSH) e viajantes para locais de alto risco.

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Essa vacinação vai ser alargada às outras regiões do país durante a próxima semana (Porto, Coimbra, Évora, Faro, Ponta Delgada e Funchal), avançou.

“Tudo está a correr bem, precisamos é que as pessoas prioritárias, em particular os HSH, se continuem a ir vacinar e não “percam o embalo”, porque se estes se vacinarem, há fortes esperanças de sermos bem sucedidos a controlar o surto”.

De acordo com os últimos números divulgados pela Direção Geral de Saúde (DGS), Portugal registava, na semana passada, 160 casos de hepatite A, sendo que a DGS já se mostrou preocupada com a época de festivais de verão que está à porta.