Cerca de 100 pessoas estão barricadas no interior de uma dependência da Caixa Geral de Depósitos, em Almeida, na Guarda. Os populares estão contra o encerramento do balcão.

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O vice-presidente da Câmara Municipal de Almeida, José Morgado, esteve entre os barricados. À SIC Notícias, o autarca afirmou que o balcão, que estava previsto encerrar já esta quinta-feira, deverá permanecer aberto até à próxima terça-feira. José Morgado referiu ainda que vai “dialogar” com a população, de maneira a perceber se a “manifestação espontânea” se prolonga ou não durante o dia de hoje. “Não pararemos”, disse o autarca, afirmando que “a população tem outras formas de luta”.

Segundo fonte do Comando Territorial da GNR da Guarda, contactada pelo Observador, os populares ocuparam de “forma pacífica” a dependência da CGD, de maneira a demonstrar a indignação contra o encerramento da Caixa. No local estão os meios “necessários e suficientes” para cumprir a missão, avançou a mesma fonte, sem, no entanto, especificar quaisquer números.

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Há ainda populares no exterior, sendo que a GNR permanece no local a acompanhar a situação. Até ao momento, não há quaisquer sinais de desacatos.

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Não é a primeira vez que os habitantes da vila de Almeida, no distrito da Guarda, se manifestam contra o fecho da Caixa Geral de Depósitos naquela povoação — o mesmo aconteceu em meados de abril, com Paulo Macedo a afirmar, então, que a Caixa não é rentável e que também não é viável.

O plano de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos é faz parte do acordo com a Comissão Europeia que permitiu a recapitalização do banco do Estado. O plano original prevê o encerramento de até 180 balcões até 2020, mas tem sido reajustado depois várias queixas e pressões feitas a nível político contra o fecho das agências. A Caixa terá garantido que manteria a sua presença em todos os concelhos do país — é o único banco tem essa rede — mas também irá avançar com outras modalidades de contacto com os clientes, como postos móveis instalados em carrinhas.

No entanto, os protestos não têm parado e não estão apenas circunscritos ao Interior do país. O caso da Brandoa, uma das freguesias do concelho da Amadora, foi referido esta quarta-feira no Parlamento. Também aqui terá havido um recuo. Durante uma audição ao ministro das Finanças, o deputado comunista Paulo Sá aproveitou para deixar a sua reclamação como cliente da Caixa.

“Para prestar um melhor serviço, vamos fechar o seu balcão”

“Há dias recebi uma carta da Caixa a gozar comigo. Dizia que para prestar um melhor serviço, vamos fechar o seu balcão e mudar os serviços para uma agência” que fica quase no outro lado da cidade. O deputado acrescenta que há milhares de clientes do banco público afetados com a reestruturação da rede. E deixou a pergunta ao ministro.

“Em que medida isto melhora o serviços aos clientes?” Insiste Paulo Sá, que lembra as dificuldades de mobilidade de várias camadas da população. “Explique me a mim e a todos os outros que receberam estas cartas.”

Centeno procurou explicar. Há agências que atingem uma dimensão tão pequena que deixam de poder ter valências e prestar serviços. Quando se agrega, é o que vai acontecer, os funcionários numa só agência, também se pretende reforçar o serviço. “Espero que se materialize na relação cliente/serviço bancário.” Mas Mário Centeno foi categórico na necessidade de a Caixa reduzir os seus custos. O banco público está entre os que menos diminuíram a oferta nos últimos anos.

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Nesta audição foi ainda revelado que a Caixa estava a trabalhar com os municípios na plano de encerramentos e que já houve casos em que as autarquias ofereceram espaços para o banco prestar serviço.