Pouco passava da meia-noite quando Jessie Carlos entrou na zona do casino do Resorts World, em Manila. Passou pelo detetor de metais, começou a disparar inicialmente para o ar, provocando o pânico generalizado no espaço, ateou fogo a algumas mesas de jogo, colocou fichas num total a rondar os dois milhões de euros na mochila que trazia. Depois, enquanto fugia para o quarto de um hotel adjacente já em troca de tiros com a polícia, deixou-a. Viria a autoimolar-se com gasolina num lençol mas, de acordo com a polícia local, ter-se-á suicidado com um tiro. Tinha 42 anos e inúmeras dívidas de jogo. Mais 37 pessoas perderam a vida nessa noite, a maioria por inalação de fumo.

Depois da apresentação do caso por parte da polícia local, ficaram assim dissipadas por completo as alegadas ligações do filipino ao Estado Islâmico, que reclamou o ataque.

Despedido das Finanças em maio de 2014, quando trabalhava no One-Stop Shop Center como especialista de impostos, Jessie Carlos terá mergulhado numa espiral de vício de jogo e problemas familiares, acumulando inúmeras dívidas. Os problemas começaram quando, em 2011, começou a ser investigado por suspeitas de enriquecimento ilícito. Concluiu-se, três anos depois, que grande parte do património não era declarado, entre casas e carros. A investigação apurou também que seria impossível ter tantas posses com o que ganhava.

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Após a divulgação das imagens das câmaras de vigilância na televisão e nas redes sociais, a família deslocou-se à polícia com fotografias antigas e outros documentos. As pistas que estavam a ser seguidas eram as certas e as autoridades conseguiram também confirmar que o filipino tinha ido desde casa, em Santa Cruz, até ao hotel de táxi. Tinha uma arma automática e um colete. Estava proibido de entrar no casino que costumava frequentar, que não era o do Resorts World, desde abril. O pedido tinha sido avançado pela própria família.

Jessie Carlos estava separado da mulher, Jen. Tinham três filhos. Já os pais fizeram questão de estar na conferência de imprensa em que a polícia, através do diretor do National Capital Region Police Office, Óscar Albayalde, explicou todos os detalhes da investigação, pedindo desculpa a todas as famílias das vítimas e destacando que o filho nunca mostrara qualquer sinal de ligação a grupos extremistas. “Não conseguimos perceber o que se passou. Era uma pessoa boa até ganhar este vício do jogo”, explicaram.

Embora as autoridades já tivessem despistado por completo essa ligação terrorista, continua por explicar um tweet feito ainda antes da perpetração do ato e que dava conta do que mais tarde iria mesmo ocorrer.