Portugal já recebeu os The XX seis vezes desde 2010. A relação entre a banda e o país podia ter ficado monótona, rotineira, presa nas armadilhas das uniões longas. Esta quinta-feira, o NOS Alive comprovou que a chama ainda se mantém viva.

“Obrigada por todo o amor que sempre nos deram”, “amamos esta cidade” e “estávamos ansiosos por este concerto” foram alguns dos mimos que saíram da boca de Romy Madley Croft e Oliver David Sim, a dupla de vozes da banda britânica.

Palavras, podia levá-las o vento que se faz sentir no Passeio Marítimo de Algés, mas o trio mostrou-se dedicado, bem disposto e interessado em dar mais uma noite feliz ao festival por onde passaram em 2010. À época, o que se viveu naquele palco secundário foi uma loucura, com pessoas penduradas em cada metro de tenda disponível. Todos os riscos valiam a pena. E não é sempre assim com uma nova paixão?

O regresso fez-se no palco principal, uma hora antes do cabeça de cartaz do dia, The Weeknd. E abriu exatamente como em 2010. Com “Intro”, a melhor música com que os The XX podem anunciar a uma plateia que chegaram. E, tal como os Metallica abrem os concertos com a música de outro compositor — no caso, “Ecstasy of Gold”, de Ennio Morricone –, conseguimos imaginar perfeitamente outras bandas a pegar em “Intro” para o momento zero. Dois minutinhos de música que nos avisam que algo de muito bom está prestes a acontecer, e que o melhor é ouvir com atenção.

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© João Porfírio / Observador

Em 2010, os The XX ainda só tinham um álbum para mostrar, “o”, álbum, e tudo era recebido em apoteose. Nessa altura, “Crystalised” veio a seguir, e desta vez passou-se o mesmo. Mas é claro que os britânicos não vinham de tão longe para repetir alinhamentos. Até porque acabaram de lançar disco novo, I See You, e há que mostrá-lo. “Say Something Loving”, tão adequada a terminar com uma declaração a Lisboa, a cidade onde atuaram pela primeira vez e sentiram o (muito) amor que os fãs portugueses lhes tinham.

“We love this city”, disse Romy. A cidade também vos ama. Sobretudo se a seguir lhes dão “Islands”, o single que foi amor à primeira vista para tanta gente. “Chained”, de 2012, teve a particularidade de incluir a melodia de uma música de Alice DJ, “Better of Alone” em versão guitarra elétrica. Soou bem.

Tudo esteve em sintonia, principalmente Romy e Oliver. Até na roupa — ela de camisa preta às bolinhas brancas, ele de t-shirt branca e calças pretas — fazem questão de se complementar. Em “Dangerous”, houve um momento em que se colocaram frente a frente, cada um com a sua guitarra, a partilhar cumplicidade com milhares de olhos a ver. Jamie Smith é mais recatado, mas sem ele a festa também não se faz.

“Infinity ” cresceu até ao infinito e mais além, “VCR” teve mais uma daquelas ovações, “On Hold” deu largas à eletrónica e transformou o recinto em discoteca a céu aberto. O concerto fechou com uma declaração de amor. E esta vez não foi a nós. “Angels ” é para a noiva de Romy. They would be as in love with you as I am. Portugal, pelo menos, continua tão apaixonado pelos The XX como há sete anos.

© João Porfírio / Observador

Alinhamento completo do concerto de XX no NOS Alive:

Intro
Crystalised
Say Something Loving
Islands
Chained
Dangerous
Performance
Infinity
A Violent Noise
Brave for you
VCR
Fiction
Shelter
On Hold
Angels