Desafiante, o ex-Presidente do Brasil Lula da Silva deixou esta quinta-feira um aviso. “Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara”, disse Lula da Silva perante um grupo de apoiantes em São Paulo, anunciando a sua recandidatura à Presidência do país.
Se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, pode saber que eu tô no jogo. E agora quero dizer ao meu partido que até agora não tinha reivindicado, mas vou reivindicar, de me colocar como postulante à Presidência da República em 2018″, disse o ex-presidente citado pela Folha de São Paulo. Pela frente, afirmou o antigo líder sindical, há uma “batalha jurídica e política”, que deverá ser iniciada pela apresentação de um recurso junto de um tribunal superior.
“Eu estou vivo e a preparar-me para voltar a ser candidato à Presidência deste país”, disse num comício. Ao seu lado, como sempre, esteve Dilma Rousseff, destituída da Presidência há um ano pelo Congresso e sua protegida.
“Há uma tentativa para me retirar do jogo político, a única prova que existe neste processo é a prova da minha inocência”, afirmou Lula, que nega todas as acusações que lhe são imputadas.
“Ficaria mais feliz se eu fosse condenado com base em uma prova. O que me deixa indignado, mas sem perder mas sem perder a ternura, é perceber que você foi vítima de um grupo de pessoas que contou uma primeira e passa a vida para justificar aquela primeira mentira”, disse ainda Lula da Silva.
Menos de dez meses depois da acusação formal, Luiz Inácio Lula da Silva, 71 anos, foi condenado a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso conhecido como o do apartamento triplex no Guarujá, um de cinco processos em que foi constituído arguido no âmbito da operação Lava-Jato.
É a primeira vez que um ex-Presidente brasileiro é condenado por corrupção, lembra a revista Veja, que avançou a notícia. O ex-Presidente, figura maior do PT (Partido dos Trabalhadores), foi apontado pelo Ministério Público Federal, que apresentou a denúncia em setembro de 2016, como o cabecilha do esquema de corrupção que terá desviado 21 mil milhões de reais dos cofres da gigante estatal Petrobras.
“Após assumir o cargo de presidente da República, Lula comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de recursos públicos destinados a enriquecer ilicitamente, bem como, visando à perpetuação criminosa no poder, comprar apoio parlamentar e financiar caras campanhas eleitorais”, diz a acusação, citada pela Veja. “Lula era o maestro dessa grande orquestra”, disse há pouco menos de dez meses Deltan Dallagnol, o procurador responsável pelo caso. O ex-presidente foi acusado, com a construtora OAS, do desvio de mais de 87 milhões da Petrobras.
Segundo a acusação, Lula recebeu 3,7 milhões de reais em luvas pagas pela OAS, sendo que a maior fatia do suborno — 1,1 milhões de reais — corresponde exatamente ao valor do tríplex, um apartamento de luxo no Guarujá, no litoral de S. Paulo, cuja construção esteve a cargo da empresa.
Segundo uma sondagem divulgada na Folha de São Paulo, Lula da Silva continua a liderar as intenções de voto — com números entre os 29 e os 31 por cento — para a eleição presidencial de 2018, na primeira pesquisa de intenção de voto feita pelo instituto Datafolha após a divulgação de detalhes da delação da Odebrecht. Lula da Silva foi presidente do Brasil entre janeiro de 2003 e janeiro de 2011.