A equipa de advogados de Donald Trump está a tentar juntar informação que possa revelar “conflitos de interesse” de Robert Mueller, o procurador designado para investigar as suspeitas de colisão entre a Rússia e o Presidente dos EUA, e da sua equipa. Ao mesmo tempo, o Washington Post escreve que Trump está a tentar perceber, juntamente com a sua equipa, se pode decretar um perdão presidencial a si mesmo.
De acordo com uma fonte citada por aquele jornal, Trump consultou a sua equipa em relação à possibilidade de um Presidente poder perdoar crimes cometidos por membros da sua equipa, por familiares ou até por ele próprio. Outra fonte disse também ao Washington Post que esse mecanismo está a ser analisado pela equipa de advogados do Presidente dos EUA. Um dos advogados de Trump reagiu dizendo que a notícia do Washington Post “não é verdade” e “não faz sentido”.
Ainda assim, à Associated Press, Jay Sekulow, outro dos advogados de Trump, confirma que a sua equipa está a “avaliar consistentemente a questão de conflitos [de interessse de Robert Mueller] e vai evocá-los nos locais apropriados”.
Kellyanne Conway, conselheira e porta-voz de Trump na Casa Branca, disse na manhã desta sexta-feira ao programa Fox & Friends que essa pesquisa é justa. “É relevante as pessoas saberem quais são as motivações [dos procuradores]”, disse. “Isto não é um ataque à equipa. Isto é o que é justo.”
Trump: há “muitos mais conflitos de interesse”
Numa entrevista ao The New York Times publicada esta quinta-feira, Trump disse que havia “muitos mais conflitos [de interesse]”. “Eu ainda não disse quais são, mas direi a seu tempo”, acrescentou. Na mesma entrevista, Trump demonstrou desagrado perante a possibilidade de que a investigação de Mueller se alargasse às finanças da sua família, passando para lá do âmbito da investigação da alegada interferência russa nas eleições de 2016. “Diria que sim”, admitiu, quando lhe perguntaram se isso seria o cruzar de uma linha vermelha. “Acho que isso seria uma violação. Isto é sobre a Rússia.”
Em junho, já tinha sido noticiado que três dos seis juristas escolhidos por Mueller para a sua equipa fizeram donativos de milhares de dólares às campanhas de Barack Obama e Hillary Clinton — Jeannie Rhee contribui com 5400 dólares para um grupo de apoio a Clinton; Andrew Weissmann deu 4700 dólares à campanha de Barack Obama em 2008; e James Quarles, que fez parte da equipa investigou o escândalo de Watergate, contribui monetariamente para as campanhas dos seis dos últimos sete candidatos presidenciais democratas (Bill Clinton é a exceção).
“Isto é tudo uma caça às bruxas”, disse Kellyanne Conway, em relação às suspeitas de ligações da equipa de Trump ao Kremlin, que ganharam uma nova dimensão depois de ser conhecida a reunião de Donald Trump Jr. com Natalia Veselnitskaya, advogada russa que dizia ter informações do Governo russo que podiam prejudicar Hillary Clinton. “É tudo um embuste”, sublinhou. Esta sexta-feira, a Reuters deu conta de que Veselnitskaya representou legalmente os serviços secretos russos, o FSB, num caso relativo à propriedade de casas de luxo em Moscovo, entre 2005 e 2013.
Mueller pede a funcionários da Casa Branca para guardarem documentos sobre encontro com Veselnitskaya
No mesmo dia, a CNN noticiou que Mueller pediu aos funcionários da Casa Branca que não deitassem nem eliminassem quaisquer ficheiros ou documentos relativos ao encontro de 9 de junho de 2016 entre Veselnitskaya e três membros da equipa de campanha de Trump — o seu filho Donald Trump Jr., o seu genro Jared Kushner e o seu então diretor de campanha, Paul Manafort.
Segundo a CNN, a nota enviada por Mueller aos funcionários da Casa Branca pedia que “guardassem todos os assuntos discutidos no decurso da reunião de junho de 2016” tal como “quaisquer decisões feitas em relação às recentes revelações sobre a reunião de junho de 2016”.