Cerca de 6.500 bombeiros, 1.762 viaturas e cem missões aéreas estiveram este sábado no terreno a lutar contra os fogos. Mais de 70 incêndios deflagraram apenas em três horas da tarde de hoje em vários locais do norte e centro do país, 11 dos quais classificados como “problemáticos”, com Coimbra a ativar o Plano de Emergência Distrital devido aos fogos.

O balanço atualizado domingo de manhã, de mais um dia recorde no número de fogos, a Proteção Civil registou 268 incêndios.

Em Abrantes, seis bombeiros ficaram feridos e foram transferidos para a unidade hospitalar local quando a viatura em que se seguiam foi apanhada pelas chamas, de acordo com informação avançada pela SIC Notícias. Os bombeiros feridos pertencem a uma corporação de voluntários da Trafaria. Também uma mulher ficou ferida e está internada no hospital da Universidade de Coimbra com queimaduras em 50% do corpo. Em Miranda do Corvo, há duas pessoas desalojadas, e, até ao momento, cinco pessoas feridas, entre elas três crianças, segundo avançou à RTP o presidente da câmara local, Miguel Batista.

A página da Proteção Civil chegou a mostrar mais de 100 fogos, com 30 especialmente ativos. Alguns dos incêndios que mobilizam mais meios tinha sido considerados dominados — em Abrantes, Mealhada, Alvaiázere — mas há muitos homens no terreno para evitar reacendimentos, que foi o que acabou por acontecer em Alvaiázere, já ao fim da tarde de sábado, obrigando ao corte da A13, nos dois sentidos.

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O incêndio “estava a propagar com grande velocidade”, indo em direção ao concelho vizinho de Ferreira do Zêzere, no distrito de Santarém, disse à agência Lusa Célia Marques, sublinhando que as pessoas da localidade do Beco, em Ferreira do Zêzere, foram retiradas para uma localidade de Alvaiázere. “A nossa preocupação é que o fogo, face ao vento, inverta a direção e regresse para a zona de Cabaços, como aconteceu há cerca de dez anos”, explicou a autarca, sublinhando que estão a ser criados aceiros para garantir que as chamas não transitam “para esse lado”.

Portugal aciona Mecanismo Europeu de Proteção Civil

Tomar é o mais recente concelho a ser atingido pelo fogo. Nas últimas horas, algumas aldeias tiveram que ser evacuadas e já há planos para levar algumas pessoas por via fluvial, se isso se chegar a revelar-se necessário. As imagens, transmitidas pela SIC, mostram enormes colunas de fumo na serra de Tomar.

A Câmara de Miranda do Corvo ativou, entretanto, o Plano Municipal de Emergência devido ao incêndio “de grandes dimensões” que lavra na freguesia de Semide e que coloca “em risco” diversas casas de cinco aldeias, anunciou a autarquia à agência de notícias Lusa.

Reacendimentos aconteceram também em Cantanhede, um fogo que tinha sido dado como controlado esta manhã, mas que agora volta a lavrar, registando-se ainda uma segunda ocorrência neste concelho, que obrigou ao corte da A14, que liga Coimbra à Figueira da Foz. Também a A8 foi cortada no nó de Torres Vedras, na saída norte, mas já foi reaberta. A decisão foi tomada às 16h03 e a porta-voz da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, revelou à Lusa estarem no local elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR).

O incêndio que, a meio da tarde, mais atenção por parte das autoridades ainda era o de Abrantes, no distrito de Santarém. Às 16h10, estavam 538 operacionais, 181 veículos e dois meios aéreos a combater aquele incêndio, que começou ao final da tarde de quarta-feira, 9 de agosto. Na manhã deste sábado, o fogo entrou em fase de resolução.

Em Ferreira do Zêzere, também no distrito de Santarém, o incêndio que tinha sido dado como dominado, reativou-se hoje à tarde e entrou na localidade de Beco, informou o presidente da Câmara Municipal. “O fogo já entrou na localidade de Beco e está a ir em direção a Dornes. Está medonho”, disse à agência Lusa o presidente do município, Jacinto Lopes, referindo que “há casas em risco”.

De acordo com o autarca, as chamas estão “a aumentar de intensidade” e lavram de forma descontrolada, considerando que “vai ser muito complicado” combater o fogo. “Só agora é que vamos ter meio aéreo”, notou Jacinto Lopes, referindo que, por o céu estar “muito negro”, poderá ser difícil para o meio aéreo operar. O presidente da Câmara de Ferreira do Zêzere referiu que às 20h00 iria decorrer uma reunião, na qual poderá ser decidida a ativação do Plano Municipal de Emergência.

Em Cantanhede, no distrito de Coimbra, o incêndio que começou ao início da tarde de sexta-feira, 11 de agosto, está a ser combatido por 310 operacionais, auxiliados por 95 veículos e três meios aéreos. O incêndio é dado pela Proteção Civil como estando “em curso”, o que significa que os bombeiros ainda não o conseguiram dominar. O plano de emergência distrital de Coimbra foi ativado.

Na Mealhada, no distrito de Aveiro, há 226 operacionais, 55 veículos e dois meios aéreos no combate ao incêndio que começou a deflagrar às 12h33 desta quinta-feira, 10 de agosto. O fogo já está dominado. O quarto incêndio mais importante é em Alvaiázere, no distrito de Leiria. Ao todo, estão destacados 230 operacionais e 80 veículos. O incêndio, que começou às 19h40 de sexta-feira, 11 de agosto, já foi dado como dominado.

De acordo com a página na Internet da Autoridade Nacional de Proteção Civil, consultada pela Lusa cerca das 18h15, estão esta tarde em curso 28 incêndios rurais, que mobilizam 2.045 operacionais, apoiados por 574 veículos e 24 meios aéreos. O alerta laranja mantém-se em todos os distritos.

As autoridades procederam à evacuação de uma quinta na zona de Cantanhede, que envolveu a retirada de 250 pessoas, e em Tomar estava a ser ponderada, igualmente, a evacuação de uma localidade, neste caso através de meios fluviais, através da barragem de Castelo do Bode.

A Proteção Civil reconheceu que houve falhas “pontuais” nas comunicações sob a responsabilidade do SIRESP, o que sucedeu num dos incêndios, mas Patrícia Gaspar não especificou em que região se verificou esta situação. Acrescentou que as deficiências no funcionamento das comunicações não colocou em causa o combate ao fogo.

Ao final da tarde, a ministra da Administração Interna revelou que Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, quando já se sabia que este sábado foi o dia de 2017 em que se registaram mais incêndios, com 226 a serem declarados até ao início da noite. Sexta-feira era, até hoje, o dia deste ano em que Portugal registou mais incêndios, num total de 220 ocorrências, das quais 60 apenas no distrito do Porto, segundo informação da Autoridade Nacional de Proteção Civil.