O pântano está a começar a chegar a Trump“. A crítica não vem num lado qualquer: está num editorial do Breitbart News, um jornal que ganhou relevância com o apoio ao presidente norte-americano durante a campanha eleitoral e ao qual regressou Steve Bannon, que durante alguns meses foi braço-direito de Trump na Casa Branca. Em causa está o facto de Donald Trump ter admitido o reforço de tropas americanas no Afeganistão.

Pior insulto não podia haver — pelo menos aos olhos de boa parte dos leitores habituais do Breitbart News: “A política de Trump no Afeganistão é diferente da de Obama?“. Este é o título do editorial assinado por Raheem Kassam, diretor da unidade da Breitbart em Londres e ex-candidato à liderança do partido separatista UKIP.

Para Raheem Kassam, a viragem na política de Donald Trump, que considera um homem “notavelmente astuto e teimoso”, só pode ser explicada pela influência do que Trump já chamou o “pântano” de Washington, ou seja, a estrutura política e militar da capital norte-americana. Um “pântano” que, diz Raheem Kassam, já tolheu a política dos presidentes anteriores, Barack Obama e George W. Bush.

Em particular, o artigo de opinião do Breitbart refere-se ao General HR McMaster, supostamente o verdadeiro responsável por levar Trump a mudar de opinião e “tentar explicar-se, até justificar-se, à base de eleitores que votaram nele devido à sua tendência anti-intervencionista”. Trump disse que o seu “instinto original” era retirar as tropas do Afeganistão, mas acrescentou que “as decisões são diferentes quando estamos sentados na Sala Oval”.

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Depois de um “estudo aprofundado, sob todos os ângulos possíveis”, Trump decidiu que esta não é a altura de sair do Afeganistão, caso contrário há o risco de isso contribuir para o fortalecimento do auto-proclamado Estado Islâmico e da Al Qaeda na região. Ao contrário de Obama, Donald Trump não deu números específicos mas ficou no ar a possibilidade de se reforçar a presença no país do Médio Oriente.

Para o Breitbart News, o “sistema” em Washington irá aplaudir o “compromisso vago” de Trump em relação ao Afeganistão, “mas a sua base de eleitores não deverá ficar tão satisfeita”.

Afeganistão. Trump muda estratégia e admite reforço de tropas