António Costa não tinha, pelo menos em 2014, “tomates” para concorrer a primeiro-ministro e Marinho Pinto daria um muito melhor líder do Partido Socialista. Segundo o texto de novas escutas reveladas este sábado pelo jornal “Sol“, estas eram algumas das opiniões de José Sócrates no verão de 2014, altura em que o então autarca de Lisboa estava prestes a desafiar a liderança de António José Seguro.
Ao contrário do que muitos acreditavam na altura em que Sócrates regressou de Paris, o seu objetivo não era a Presidência da República mas, sim, voltar à liderança do Partido Socialista e ao cargo de primeiro-ministro. “Os da direita estão cheios de medo [de mim] e o m*rdas do Costa está cheio de ciúmes”, dizia Sócrates, numa escuta noticiada pelo Sol sobre uma conversa telefónica entre Sócrates e o deputado Renato Sampaio.
Noutra conversa, com o seu antigo chefe de gabinete, Guilherme Dray, Sócrates aparece a dirigir o mesmo tipo de críticas a Costa. No lançamento do livro de Sócrates onde esteve Lula da Silva e várias altas figuras do PS, entre as quais Mário Soares e Manuel Alegre, António José Seguro faltou e António Costa pareceu querer escapar-se às filas da frente — “ele é um m*rdas. Tinha lugar mesmo à minha frente, ainda o foram buscar à fila, mas ele não quis entrar. É porque já não ia com vontade…”, disse Sócrates, de acordo com o jornal.
Amanhã vou dar uma entrevista ao The New York Times e ao Le Monde para eles saberem o que a casa gasta”
Para Sócrates, segundo uma outra escuta, António “Marinho Pinto [é que] devia ser o líder do PS”, que sempre fora muito seu “amigo, muito contra a corrente“, dizia o ex-primeiro-ministro. É que, se, por absurdo, Seguro ganhar, vai governar com quem?”
Entre as várias escutas divulgadas pelo jornal, é, também, revelado que, numa altura em que Sócrates se preparava para lançar mais um livro — sobre carisma na política –, jantava quase todas as sexta-feiras num restaurante do Lumiar e era das contas tituladas pelo empresário Carlos Santos Silva que saíam os pagamentos. Entre os convivas estavam sempre pessoas como Pedro Silva Pereira, o atual ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, João Constâncio (filho de Vítor Constâncio), e João Galamba, que estaria a partilhar com Sócrates informações sobre os planos e intenções de Costa.