Mais de 500 fogos deflagraram este domingo, fazendo do 15 de outubro “o pior dia de incêndios do ano”, nas palavras de Patrícia Gaspar, porta-voz da Proteção Civil, aos jornalistas. Depois de casas ardidas e aldeias evacuadas, esta segunda-feira a Proteção Civil confirmou que há 36 mortos e 63 feridos, entre os quais 16 em estado grave. Há, também, sete desaparecidos. “Os números não são definitivos”, alerta a Proteção Civil, que irá fazer nova atualização às 20h.
Apesar de ter informado, no briefing das 16h, que o alerta vermelho se irá manter em todo o país pelo menos até às 20h, Patrícia Gaspar avançou também que as condições meteorológicas tendem a melhorar, sendo esperada chuva, acalmia do vento e baixa das temperaturas. “Vamos ter um dia ainda bastante trabalhoso, é possível que a noite seja um bom aliado”, disse a adjunta de operações nacional.
Segundo o IPMA, as previsões “apresentam um cenário com tendência de melhoria” nas condições meteorológicas — “a começar a meio da tarde e final do dia de hoje, há possibilidade de precipitação”. “Há, também, expectativas de precipitação para amanhã, sobretudo nos distritos a norte do país”, já tinha dito Patrícia Gaspar logo pela manhã desta segunda-feira.
https://observador.pt/2017/10/16/tres-mortos-e-carros-escoltados-para-sair-das-estradas-este-e-o-pior-dia-de-incendios-do-ano/
Questionada sobre as razões que explicam a tragédia, Patrícia Gaspar tinha dito, no briefing aos jornalistas esta manhã, que “o que está a falhar e o que falhou ontem foi o número de ocorrências diárias que não são aceitáveis e não se registam em quase nenhum país do mundo”. A responsável admitiu uma “dispersão” dos meios, tendo em conta o elevado número de incêndios, falou em “negligência” das pessoas e considera as 523 ocorrências um número “pura e simplesmente inaceitável”.
Durante a tarde, no briefing das 16h, a responsável informou que “há ainda zonas onde os meios estão a chegar”, pelo que o número de vítimas mortais poderá voltar a subir. “Neste momento, estamos a conseguir chegar zonas que estavam inacessíveis”, afirmou, acrescentando que “as condições em que as pessoas faleceram terão de ser apuradas”.
A porta-voz da Proteção Civil disse ainda que, às 16h, havia 18 meios aéreos disponíveis, mas que só dois estavam a trabalhar. Para os outros, não se registaram condições de visibilidade.
Vai haver um novo briefing aos jornalistas às 20h, altura em que se espera que já tenha começado a chover e, portanto, a situação esteja mais controlada.
A meio da tarde, a ANPC disse ao Observador que “não está prevista a divulgação de qualquer lista das vítimas mortais”.
Eis o resumo do que foi descrito como “o pior dia do ano” nos incêndios, o domingo.
Em declarações aos jornalistas, às primeiras horas de segunda-feira, o primeiro-ministro confirmou que houve um total de 523 incêndios em Portugal. Horas antes, Patrícia Gaspar, porta-voz da Proteção Civil falava em 443 fogos, 5.397 operacionais no terreno e cerca de 1.600 viaturas;
Até às 4h20 da manhã de segunda-feira havia, oficialmente, seis vítimas mortais a registar: duas em Penacova, no distrito de Coimbra, uma na Sertã, em Castelo Branco, e duas em Oliveira do Hospital, também no distrito de Coimbra. A sexta vítima foi confirmada pela Proteção Civil na madrugada e diz respeito a uma das duas pessoas desaparecidas em Nelas — foi assim que as mortes aconteceram.
Marcelo Rebelo de Sousa fez um comunicado a manifestar solidariedade às vítimas. “Tudo terá de ser analisado”, diz Marcelo.
Há, pelo menos, 25 feridos a registar, incluindo um bombeiro que se encontra em “estado reservado”, depois de ter ficado encarcerado quando a viatura em que seguia capotou;
A Proteção Civil garantiu ainda que foram acionados 23 grupos de reforço, aos quais se juntaram algumas equipas de posto de comando e ainda 10 pelotões militares.
As autoridades detiveram em flagrante delito o presumível autor do incêndio que deflagrou este domingo de manhã em Vale de Cambra.
O lançamento de fogo-de-artifício na noite de domingo, durante os festejos dos Santos Mártires, no bairro do Alboi, em Aveiro, gerou uma onda de indignação nas redes sociais.
Portugal acionou, este domingo, o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos. Foi marcada uma reunião extraordinária do Centro de Cooperação Operacional Nacional, presidida pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa;
Apesar de a madrugada ser marcada por mais humidade, e de o dia arrancar com alguma precipitação, as alterações meteorológicas não serão expressivas o suficiente e podem não ter o impacto desejado nas operações em curso, sobretudo no norte e centro do país. “A opção é manter o dispositivo no alerta máximo”, reiterou Patrícia Gaspar, porta-voz da Proteção CIvil. As previsões serão, no entanto, reavaliadas esta segunda-feira.
O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, disse à SIC Notícias que têm de ser as pessoas a combater os fogos quando não há meios. “Temos de nos autoproteger” e “não podemos ficar à espera dos bombeiros e dos aviões”. António Costa não censurou estas palavras.
Setúbal, Faro e Beja são os únicos distritos onde não deflagraram fogos, de acordo com o site da Proteção Civil. A zona mais afetada continua a ser a do Porto, com 30 incêndios ativos.
A população estava cercada em Ervedal da Beira, concelho de Oliveira do Hospital, onde ardeu uma serração, um solar antigo e uma escola;
Um incêndio em Lamelas, concelho de Santo Tirso, obrigou esta noite à retirada de sete idosos de duas habitações;
Várias habitações e outros edifícios em número ainda indeterminado foram destruídos pelo fogo em Oliveira do Hospital;
Um de três fogos em Mafra foi dominado ao início da madrugada de segunda-feira. O fogo deflagrou no domingo em Santo Isidoro e obrigou a mobilizar mais de 170 operacionais — durante a noite as pessoas chegaram a ser evacuadas desta localidade;
A Segurança Social montou diversos pontos de apoio direto à população;
O fornecimento de água da Marinha Grande foi interrompido. O grande incêndio obrigou ainda à evacuação da Praia da Vieira e destruiu o parque de campismo daquela localidade. Às 23h40 foi ativado o Plano Municipal de Emergência de proteção Civil da Marinha Grande. O incêndio lavra na região desde as 14h23 de domingo.
O fogo destruiu ainda habitações na zona de Moinhos de Carvide e Lameiro, no distrito de Leiria. A Base Aérea n.º 5, de Monte Real, concelho de Leiria, abriu este domingo as portas à população. Os aviões F16 chegaram a estar prontos para descolar quando o fogo se aproximou da base, mas não o fizeram.
O SIRESP apresentou falhas com impacto nas operações em Viseu, que também foi palco de incêndios, Aveiro e Leiria;
A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) ativou a linha telefónica 800 246 246 para responder aos pedidos de informação das populações sobre as operações de socorro dos incêndios que lavram em todo o país;
Em Tondela mais de uma dezena de casas arderam;
Ao final da noite, quatro incêndios estavam ativos na cidade de Braga. Um hotel foi evacuado e há relatos de casas ardidas, embora não sejam, à partida, de primeira habitação. Ardeu ainda um pavilhão no parque industrial no Lugar do Barral;
Durante o dia, mais de 20 estradas chegaram a estar cortadas e houve, inclusive, relatos de pessoas encurraladas em estações de serviços e presas nas rodovias;
A Portugal Telecom teve no terreno 600 técnicos e 17 unidades móveis a trabalhar para estabelecer as comunicações afetadas devido aos incêndios; A vila de Mortágua foi uma das localidades que chegou a estar sem comunicações;
Durante a noite, o presidente da Junta de Freguesia de Gouveia, João Amaro, dava conta que a zona suburbana da cidade, na Serra da Estrela, vivia uma “situação complicada”;
Arganil, Monção e Seia foram descritos, durante a tarde, como incêndios “incontroláveis”. No domingo à noite era o incêndio da Lousã que mais meios mobilizava (mais de 500 operacionais), sendo que os fogos de Alcobaça, Seia e Vale de Cabra estavam, então, a ser combatidos por mais de 300 operacionais cada um;
O fogo na Sertã obrigou à retirada de pessoas de aldeias e em Arganil várias aldeias foram evacuadas. O incêndio em Mira ameaçou casas junto às estradas;
Também Óbidos enfrentou um incêndio descontrolado e chegaram a estar três aldeias em risco;
Em Melgaço, o vereador da proteção civil municipal, José Adriano Lima, referiu ao início da noite à Lusa que a situação era “perigosa”, sobretudo no lugar de Cavaleiro Alvo, na freguesia de São Paio”;
O incêndio em Valença foi controlado ao fim da tarde de domingo;
O parque de campismo da Praia da Tocha, Cantanhede, começou a ser evacuado pouco depois das 17h00 deste domingo, na sequência de um incêndio que começou em Quiaios, Figueira da Foz. O parque industrial foi afetado.