Moçambique deve encontrar uma estratégia de venda eficaz para o seu gás natural face às perspetivas de uma super-produção no mundo, afirmou esta quinta-feira o presidente da ENH, companhia que controla as participações do Estado moçambicano na indústria extrativa.

Omar Mithá realçou os desafios no mercado de gás mundial, quando falava durante a Cimeira do Gás de Moçambique, que decorre desde quarta-feira na capital moçambicana.

“Os EUA passaram de país importador a exportador de gás natural e vão entrar agora no novo ciclo de produção e o Qatar já levantou a moratória que se tinha imposto na produção de mais gás”, declarou Omar Mithá.

Apesar da concorrência de outros produtores, Moçambique tem condições para se impor no mundo como uma potência no gás natural, considerou o presidente da ENH (Empresa Nacional de Hidrocarbonetos).

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A decisão final de investimento anunciada no início deste ano pelo consórcio liderado pela italiana ENI para a Área 4 da Bacia do Rovuma, norte de Moçambique, é um sinal de que as empresas do setor confiança no potencial do gás moçambicano, acrescentou Omar Mithá.

“Com a decisão final de investimento da ENI temos já um projeto concreto”, assinalou Omar Mithá.

Por outro lado, os avanços entre o Governo e o consórcio liderado pela norte-americana Anadarko rumo a uma decisão final de investimento na Área 1 da Bacia do Rovuma também consolida o otimismo em relação ao futuro do gás natural moçambicano, enfatizou.

Omar Mithá destacou que o país deve estar preparado para maximizar os benefícios da produção de gás natural na Bacia do Rovuma, assegurando a participação das empresas e quadros moçambicanos no desenvolvimento dos projetos relacionados com o negócio de gás natural.

Por seu turno, o vice-presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique, a maior associação patronal do país, Álvaro Massingue, enfatizou a necessidade do envolvimento do empresariado local nos projetos de gás, como forma de garantir a retenção de vantagens no país.

“Afloramos a necessidade de a Lei de Conteúdo Nacional ser concebida de modo a criar uma provisão para a participação obrigatória de capitais nacionais nas empresas envolvidas na indústria extrativa em termos e condições comerciais”, disse Álvaro Massingue.

À luz desta visão, prosseguiu, a CTA lançou no dia 08 de setembro o Gabinete de Apoio Empresarial, que visa apoiar as empresas nacionais na acreditação para o fornecimento de bens e serviços às grandes indústrias, nomeadamente a extrativa.

“Acreditamos que com esta intervenção vai inverter-se o cenário atual nesta indústria, pautado pelo fraco acesso das empresas nacionais às oportunidades geradas pelo setor extrativo”, afirmou Álvaro Massingue.