O comandante dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, Vítor Manuel Nery da Graça, escreveu uma carta aberta ao ministro da Agricultura, Capoulas Santos, a exigir mais respeito pelos seus homens e a denunciar a inação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) na prevenção, combate e rescaldo do incêndio que devastou o Pinhal de Leiria no dia 15 de outubro.

Na missiva, enviada por correio registado para o Ministério da Agricultura e publicada na íntegra da página de Facebook da corporação, o comandante diz que os bombeiros continuam “a ser desrespeitados enquanto operacionais”, o que tem impacto nas suas “vidas pessoais e familiares”, por “entidades com rostos e nomes, que existem, não cuidam nem cumprem o que está legislativamente escrito”.

“É nesse sentido que esta carta surge”, continua o responsável, exigindo que “quem tem essas responsabilidades que as assume e execute, e acima de tudo não ‘gozem’ com os meus bombeiros”. “É triste para mim enquanto operacional responsável sentir que têm que ser os mesmos homens e mulheres, que de forma gratuita combateram as chamas defendendo o que estava muito pouco limpo, a continuar gratuitamente a fazer o trabalho do ICNF”, lamenta.

Vítor Manuel Nery da Graça denuncia que na vigilância pós-rescaldo, o ICNF não atuou como devia e afirmou, deixando esse trabalho para quem “anda exausto” e “é voluntário sem qualquer remuneração”. “É triste também eu assistir, durante a evacuação de um barracão nas Matas Nacionais em Pedreanes, por causa do incêndio, que saíram lá de dentro mais viaturas de combate do ICNF do que as que eu tinha no terreno em combate. E essas saíram mas não foi para combater, foi apenas para não arderem”, acusa também o comandante.

O responsável lamenta ainda o facto de a madeira dos pinheiros ardidos estar a ser preparada para a indústria madeireira “ainda com a mata com reativações”. “Durante esse trabalho posterior, em que andavam bombeiros de motosserra na mão a cortar em tamanhos que pudessem ser rolados manualmente, somos interpelados agressivamente que andávamos a estragar madeira, ao cortar em tamanhos que os madeireiros que iam comprar não queriam”, diz.

“Todas estas situações maçam, moem, desmotivam. E para um Comandante Voluntário, que recebe “zero” assim como a maior parte dos meus Bombeiros, era fácil não se preocupar ou abandonar o cargo e passar para o lado dos que ficam a assistir”, remata o comandante. O texto já conta com perto de trezentas partilhas no Facebook.

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