O Governo angolano pretende negociar um “reescalonamento da dívida” pública e até final do ano vai realizar road shows para cativar investidores para uma segunda emissão de eurobonds, que pode chegar aos 2.000 milhões de dólares.

As medidas inserem-se no capítulo da sustentabilidade da dívida pública angolana do Plano Intercalar do executivo a seis meses (outubro a março), para melhorar a situação económica e social do país, aprovado na primeira reunião do conselho de ministros presidida pelo novo chefe de Estado, João Lourenço.

O Orçamento Geral do Estado de 2017 prevê que a dívida pública governamental – excetuando a referente às empresas públicas – ascenda até final deste ano aos 62,8 mil milhões de dólares (54 mil milhões de euros), atingindo um peso equivalente a 52,7% do Produto Interno Bruto angolano, um máximo histórico.

Este volume de dívida, interna e externa, representa ainda um custo de 2,338 biliões de kwanzas (2.000 milhões de euros) ao Estado, equivalente a 31,6% de toda a despesa pública angolana em 2017.

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Daí que o plano definido pelo Governo, agora liderado por João Lourenço, aponte desde logo o objetivo de “negociar o reescalonamento da dívida com os principais parceiros bilaterais”, processo a desenvolver entre novembro e dezembro deste ano.

Prevê ainda a intenção de “alargar a base de investidores” em Títulos do Tesouro e a redução do peso dos títulos indexados (ao dólar) na carteira do Estado, em paralelo com uma análise à sustentabilidade da dívida pública angolana.

Igualmente até final do ano está prevista a implementação de um road show junto de potenciais investidores internacionais, com vista à “emissão de eurobonds”, lê-se no mesmo documento.

A Lusa noticiou em agosto último que o Governo angolano pretende repetir a emissão de eurobonds, ou dívida soberana em moeda estrangeira, feita em 2015, agora para captar até 2 mil milhões de dólares no mercado externo.

A informação consta de um despacho assinado pelo anterior Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, de 4 de agosto, no qual o ministro das Finanças, Archer Mangueira – reconduzido no cargo pelo atual chefe de Estado – “é autorizado” a “implementar as medidas que possibilitem a conclusão dos trabalhos conducentes à concretização do financiamento externo” de eurobonds.

O Estado angolano estreou-se na emissão de eurobonds em novembro de 2015, angariando então, no mercado externo, cerca de 1.500 milhões de dólares (1.290 milhões de euros), através de um consórcio de bancos liderado pelo norte-americano Goldman Sachs International e que incluiu ainda o alemão Deutsche Bank e os chineses da ICBC International.

Desta vez, no mesmo despacho, que aprova a “estratégia de emissão de títulos de dívida soberana nos mercados internacionais, sob a forma de ‘eurobonds’, com o objetivo de melhorar a composição do stock da dívida externa”, o Governo pretende angariar até 2 mil milhões de dólares (1.720 milhões de euros).