As falhas na prestação dos serviços de transportes públicos em Lisboa, em particular nos barcos que fazem a travessia do Tejo, são “dores de cura”, depois de anos sem investimento em renovação e manutenção, afirmou o ministro do Ambiente. Matos Fernandes, ouvido esta quarta-feira no Parlamento, no quadro da discussão da proposta de Orçamento do Estado, lembra que a frota de barcos tem uma idade média de 22 anos, pelo que terá que ser renovada a curto prazo.

O secretário de Estado dos Transportes, José Mendes, acrescentou no final do debate, que o Governo pediu um estudo de viabilidade económica e financeira sobre a renovação dos barcos para realizar as travessias do Tejo que deve estar pronto no final do ano. O objetivo é encontrar uma solução que permita uma frota mais homogénea, com folga e melhor do ponto de vista ambiental. Em causa está um investimento de “dezenas de milhões de euros”.

Confrontado com acusações do PSD de que as promessas de investimento e contratação de mais quadros feitas pelo Governo não estão a ser cumpridas, Matos Fernandes respondeu ao deputado Carlos Silva: “Passou-lhe um ano ao lado”. O ministro começa por falar na encomenda de 500 novos autocarros elétricos que foi necessário mandar fazer, e que estão a ser construídos com montagem em Portugal.

E quando chega à manutenção no Metro de Lisboa, cujas principais falhas se devem, diz, ao desgaste dos rodados das composições, avança com números. Nos quatro anos do Governo PSD/CDS foram substituídos 194 rodados, mais ou menos 50 por ano. Desde janeiro deste ano, foram substituídas 465 rodados. O que está a acontecer, sublinha, é “uma dor de cura”.

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Matos Fernandes usa o mesmo argumento para justifica as falhas no serviço com a supressão de barcos nas operações da Soflusa e Transtejo na travessia do Tejo.

Ligação fluvial entre Barreiro e Lisboa terá perturbações esta semana

Carlos Silva, do PSD, acusou o Governo de nada ter feito, considerando que a demora na obtenção dos certificados de navegação dos navios e a manutenção preventiva, que poderia ter evitado avarias, não podem ser explicadas com faltas de há dois anos.

O ministro do Ambiente atribuiu as falhas no final do mês no serviço da Transtejo, nomeadamente na ligação entre Lisboa e Seixal, com uma avaria inesperada num dos barcos que faz o serviço. E reconhece ainda que os problemas nos navios da Soflusa, que fazem a ligação entre Lisboa e Barreiro, enviados para a manutenção eram maiores do que os esperados. Durante 2,5 dias houve perturbações por causa do prolongamento do tempo de intervenção nos navios que estavam na doca — correu mal, reconheceu Matos Fernandes –, o que levou a empresa a apelar aos clientes para evitarem usar os barcos em hora de ponta.

Mas salienta que há uma diferença muito importante. Com o anterior Governo também existiam supressões nos serviços, mas agora essas falhas são anunciadas previamente, em respeito pelos utentes. “Se não tivesse havido um comunicado, se calhar não tinha sido notícia”, acrescenta Matos Fernandes em resposta a Luísa Apolónia dos Verdes.

O Governo anunciou este ano o reforço do investimento em manutenção nas empresas Transtejo e Soflusa para 10 milhões de euros, com intervenções profundas previstas em quase todos os navios.

Governo reforça investimento na frota da Transtejo e Soflusa em 2017

Atualizado com informação sobre renovação de frota.