Henry Badenhorst, co-fundador do site de encontros para gays e bissexuais Gaydar, foi encontrado morto este sábado de manhã junto às Michelangelo Towers, em Joanesburgo, na África do Sul. O empreendedor, de 51 anos, terá sido visto a cair de uma altura de 23 andares, relataram no Twitter alguns transeuntes. A imprensa internacional fala em suicídio.

Gary Frisch, seu ex-namorado, com quem fundou o Gaydar em 1999, morreu da mesma forma, há 10 anos, no seu apartamento na zona sul de Londres: saltou do 8º andar no culminar de uma noite de festa movida a álcool e quetamina. Na altura, Badenhorst e Frisch já não estavam juntos há alguns meses mas continuavam a ser sócios. De acordo com amigos, Badenhorst sofria de depressão.

“Há 18 anos, o Henry e o seu companheiro Gary revolucionaram a forma como os homens gay se conhecem e, enquanto isso, criaram um ambiente seguro para as pessoas LGBT de todo o mundo. Estamos chocados e tristes por saber da morre do Henry e enviamos as nossas mais sinceras condolências aos seus amigos e família”, disse esta segunda-feira Rob Curtis, o atual diretor-geral do Gaydar. Badenhorst já não estava na empresa desde 2013, altura em que foi comprada pelo produtor de TV Charlie Parsons. À data, o Gaydar tinha seis milhões de utilizadores em 140 países.

https://twitter.com/Gaydar/status/929824629509804032

Foi para ajudar Frank, um amigo solteiro e com vontade de deixar de o ser, que Henry Badenhorst e Gary Frisch criaram o Gaydar, primeiro um site, depois, a partir de 2009, uma aplicação, onde qualquer homem gay ou bissexual acima dos 18 anos podia inscrever-se à procura de par.

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Na altura, Badenhorst, que crescera num lar religioso de um subúrbio de Joanesburgo a acreditar que era o único homossexual no mundo, já se tinha mudado para Inglaterra. “Foi em junho de 1999. Tínhamos um amigo holandês chamado Frank que estava solteiro e nos disse: ‘Preciso de um namorado — conseguem ajudar-me?'”, contou em 2009 Henry Badenhorst ao The Guardian. Primeiro, inscreveram-no no Excite, um motor de busca que tinha uma secção de encontros, onde qualquer um podia inscrever-se e postar uma fotografia. O facto de a primeira resposta ter chegado ao fim de 15 longos dias, fez com que tivessem a ideia de criar uma ferramenta do género mas apenas direcionada ao mercado gay. Em 5 meses, o Gaydar estava online.

A cinco anos de distância do Facebook, que viria a ser lançado em 2004, o Gaydar já permitia a criação de perfis, com informação básica como peso, altura, hobbies ou cor dos olhos, e não tão básica como o tipo de membros com quem os utilizadores gostariam de estabelecer contacto. Fotografias sexualmente explícitas são permitidas.

“Não fazíamos ideia daquilo que estávamos a criar, mas as pessoas começaram a vir ao site. Pus alguns anúncios na Boyz [revista gay de distribuição gratuita], que chamaram a atenção de algumas pessoas, e depois fomos crescendo lentamente. Claro que não disparámos ao primeiro dia — no primeiro ano tivemos alguns milhares, no segundo ano chegámos aos 75 mil, e no terceiro ano, 2001-2002, já tínhamos mais de 220 mil utilizadores”, recordou Badenhorst em 2009.

“Um amigo ajudou-me a criar o primeiro anúncio. Dizia: ‘3h da manhã, a discoteca está uma porcaria, estou excitado como o raio, use o seu Gaydar'”, contou também na altura o co-fundador, lembrando a fase em que o site foi acusado por certos empresários da noite gay britânica de lhes roubar a clientela. Uma injustiça, garantiu Badenhorst, para quem as maiores vantagens do site que criou foram sentidas nas zonas rurais ou em países onde a homossexualidade era ilegal ou apenas tabu. “Quando era adolescente, sabia que era gay mas achava que era o único; agora os rapazes vão à Internet e veem que há uma série de homens gay.”