O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, lamentou mais uma morte de um doente infetado com legionela e pediu desculpas aos doentes que ficaram infetados com esta bactéria, no âmbito do surto relacionado com o Hospital São Francisco Xavier.
“Em nome do governo, quero lamentar a ocorrência de mais um óbito relacionado com o surto e dizer que o Governo acompanha a posição do hospital naquilo que é o entendimento de que os utentes são formalmente credores de um pedido de desculpa: do hospital, da ou das empresas que tinham responsabilidade para fazer vigilância da segurança quer das condições ambientais, quer de segurança clínica, da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, mas também de mim próprio, enquanto responsável político do Governo”, afirmou Adalberto Campos Fernandes durante a discussão do orçamento do Estado para a Saúde que está a decorrer no Parlamento.
E não se ficou pelo pedido de desculpas. Adalberto Campos Fernandes afirmou que além de “lamentar” as fatalidades — são já cinco as mortes associadas ao surto — “tem de haver direito à reparação destas pessoas por quem, no domínio da responsabilidade civil, possa não ter feito aquilo que deveria ter sido feito”.
Em jeito de resposta a Pedro Alves, do PSD, que o questionou sobre se tinha adotado medidas para “garantir que todas as unidades de saúde do país têm esse plano de controlo”, Adalberto Campos Fernandes repetiu que logo a 3 de novembro, dia em que a DGS comunicou os primeiros casos, foi dito a “todas as instituições do país que deveriam ser de imediato submetidas a avaliações de segurança”.
O governante insistiu que tudo será feito “para que os inquéritos apurem cabalmente todos os resultados” e frisou a importância de criar uma “legislação muito mais apertada, exigente e um quadro sancionatório mais firme”, saudando as iniciativas do Bloco de Esquerda e avançando que já esta quarta-feira a Direção Geral de Saúde e o Instituto Ricardo Jorge vão publicar “orientações muito mais exigentes”.
Na semana passada, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, avançou que conta, no prazo de dois meses, ter finalizada a proposta a levar a Conselho de Ministros com uma série de medidas relativas à avaliação da qualidade do ar interior. O esboço já está feito e, em linhas gerais, prevê a reintrodução de periodicidade de auditorias à qualidade do ar e a aplicação de sanções, nuns casos, e agravamento noutros, a quem não cumprir com as obrigações de manutenção e avaliação periódica.
Governo vai impor prazos para auditorias e aplicar sanções a quem não avalie qualidade do ar
O número de casos de infetados pelo surto de legionela subiu para 48 esta segunda-feira, segundo a Direção-Geral da Saúde, e o número de mortos subiu para cinco. A última vítima mortal é uma mulher de 76 anos que morreu no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, segundo a TVI24.
Dos 48 infetados, nove já tiveram alta clínica, 28 estão atualmente internados em enfermaria, seis internados nos cuidados intensivos e cinco morreram.