Pedro Guerra, comentador desportivo e antigo responsável pelos conteúdos da Benfica TV, terá recebido durante vários meses documentos internos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), relacionados com auditorias trimestrais. Tais documentos terão sido enviados por Horácio Piriquito, gestor e membro do Conselho Fiscal da Federação.
A informação é avançada pela revista Sábado, na sua versão online. De acordo com aquela publicação, que teve acesso aos documentos e à troca de correspondência entre os dois, seria Horácio Piriquito a fonte privilegiada de Pedro Guerra no interior da Federação.
Num desses emails, enviado em setembro de 2015, e depois de ter recebido mais um relatório da auditoria interna, Pedro Guerra perguntou a Piriquito a sua opinião sobre “uns devedores manhosos”, que iriam deixar a FPF “pendurada”. Mais: nesse mesmo e-mail, Guerra prometeu guardar “religiosamente e de forma confidencial” aquele documento.
Na reposta, o membro do Conselho Fiscal da Federação explicou que “muitas vezes são as associações que estrangulam ou beneficiam os clubes, conforme os alinhamentos ‘clubísticos’”. Daí, notou Piriquito, “as corridas do SLB e do FCP ao domínio das associações”. “Se uma associação é portista pode atrasar os pagamentos a um clube alinhado com o Benfica, e vice-versa”, acrescentou.
Federação faz queixa à PJ e à PGR
Entretanto, a Federação Portuguesa de Futebol entregou o caso à Polícia Judiciária (PJ) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a alegada partilha de documentos internos.
“Por em causa poder estar a violação de segredo, a FPF denunciou o referido facto à Polícia Judiciária, disponibilizando-se para os procedimentos entendidos por convenientes”, lê-se num comunicado da FPF, que vai propor a destituição de Piriquito.
O organismo refere que “o conteúdo da revista Sábado, publicado esta quarta-feira online, aponta no sentido de os documentos internos da FPF terem sido partilhados por um elemento eleito para o Conselho Fiscal”.
“Pelo que a direção da FPF decidiu remeter nesta data, o conteúdo do artigo publicado para o Conselho de Justiça da FPF, apresentar queixa à PGR, por se tratar de eventual crime desta dependente, e requerer a realização de uma Assembleia-Geral extraordinária para discussão e votação da proposta de destituição de titular de órgão social da FPF, por violação grave de deveres estatutários”, refere o organismo.