Numa espécie de déjà vu, o programa Universo Porto da Bancada, no Porto Canal, voltou a ter revelações de emails: conforme tinha prometido na semana passada, Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos dragões, leu mais alguma correspondência entre Nuno Cabral, então delegado da Liga, e elementos ligados com o Benfica como Paulo Gonçalves, assessor jurídico dos encarnados, e Pedro Guerra, aí diretor da BTV.
“Isto é espionagem a favor de um clube, o Benfica”, começou por comentar o responsável azul e branco. “Tudo isto é vergonhoso e espero que amanhã a APAF se possa pronunciar”, completaria mais tarde, no final dos quatro emails lidos, não sem antes ter deixado um comentário… enigmático: “[Pedro Guerra] Era comentador da TVI dos jogos da equipa profissional do Benfica que disputa 1.ª Divisão, por enquanto”.
“Vamos falar mais uma vez na influência que o Benfica tem em coisas que não devia ter. O Nuno Cabral, ex-árbitro que foi delegado da Liga e se mexe no meio da arbitragem, durante um longo período passou informações que não aceitáveis e compreensíveis e convém que o Benfica explicasse ao país o porquê de precisar disso. No dia 14 de abril de 2015, o Nuno Cabral envia para o Paulo Gonçalves um email que só dizia ‘Abraço’ e depois tinha o anexo. O que era? Tinha sido nomeada nesse dia a equipa de arbitragem que iria dirigir o Belenenses-Benfica e envia a dizer quem era, como se qualquer pessoa não pudesse consultar as nomeações, com considerações. Árbitro Rui Costa, adepto confesso do FC Porto, irmão de Paulo Costa, natural do Porto, professor de Educação Física, telemóvel 91 tal, tal, tal que não vou revelar. Árbitro assistente 1, João Silva: adepto confesso do SL Benfica, natural de Vila Nova de Gaia, trabalho no hospital Santos Silva em Gaia, telemóvel 96 tal, tal, tal. Árbitro assistente 2, Tiago Costa: adepto confesso do FC Porto, natural de Vila Nova de Gaia, profissional da arbitragem, chumbou no teste escrito de fevereiro. Árbitro Rui Rodrigues, adepto confesso do SL Benfica, vive na Amadora, profissional da arbitragem telemóvel 96 tal, tal, tal. A que propósito é que o Paulo Gonçalves precisa dos telemóveis dos árbitros? Para desejar um Bom Natal. É bom que se diga qualquer coisa”, questionou Francisco J. Marques.
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“Tenho aqui outro, de 19 de março de 2015, da nomeação do célebre jogo Rio Ave-Benfica. Árbitro: Marco Ferreira, adepto confesso do SL Benfica, natural da Madeira, profissional da arbitragem, telemóvel 91 tal, tal, tal. Árbitro assistente número 1, Nélson Moniz: adepto confesso do SL Benfica, natural de Ponta Delgada, profissional da arbitragem, recebeu as insígnias da FIFA em janeiro de 2015, telemóvel 96 tal, tal, tal. Árbitro assistente 2, Sérgio Serrão: adepto confesso do SL Benfica, natural da Madeira, trabalha no ramo automóvel, telemóvel 96 tal, tal, tal. Quarto árbitro, Jorge Tavares: adepto confesso e sócio do FC Porto, odeia o SL Benfica, vive em Grijó, trabalha na empresa tal, tal em rua tal, tal, número 112, localidade tal, código postal tal e depois claro o telemóvel 96 tal, tal, tal. Porque é que o Benfica precisa do número do telemóvel dos árbitros? E sabe de todos! É normal um delegado da Liga enviar isto, não são informações privadas”, prosseguiu.
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“Mas há mais: a 6 de outubro de 2015, o Nuno Cabral manda um email ao Pedro Guerra. E aqui convém dizer que quando diz que faz comentários é da equipa profissional do Benfica, portanto isto é mais informação para passar ao Benfica. Este árbitro, que é Hélder Lamas, de Braga, que nem conhecia porque não sou especialista em arbitragem, tirei o curso com ele em 2002 e é protegido pelo staff do FC Porto (Antero Henrique, Reinaldo Teles, Joaquim Pinheiro, Acácio e Jaime) e também por Jorge Sousa, Carlos Carvalho e José Ramalho. É sócio e adepto do FC Porto, odeia o SLB, e está proibido de subir a C1, que é a principal categoria. Está proibido? Pois está, mas o que aconteceu é que é um dos árbitros mais promissores da segunda categoria mas pelos vistos estava vetado pelo Benfica, proibido de subir à C1. Que a APAF se pronuncie e faça a defesa do árbitro”, leu o responsável portista.
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“Por fim, na sua função de delegado da Liga, houve uma reunião em novembro de 2015. Diligente, logo a seguir o Nuno Cabral enviou um email ao Paulo Gonçalves. O texto não é muito criativo, diz apenas ‘Abraço’ como é costume. Mas o anexo é criativo e grande. 19 de novembro de 2015, 18h45 às 23h. Dez presenças. Depois tem uma anotação num Sérgio Ferreira que diz ‘Tem de ser eliminado’. É uma espécie de uma ata para saberem o que se passou na reunião da Liga e tem coisas lamentáveis, algumas que não vou ler por respeito às pessoas envolvidas, mais uma vez da vida privada das pessoas. Vou ler apenas uma que é inocente: ‘Dina Mimoso tem uma tatuagem no pé com o nome do filho’. Isto é a parte benigna, a parte maligna é terrível. Vergonhoso, isto é bater no fundo e é o Benfica de hoje em dia”, concluiu Francisco J. Marques, depois de ler mais algumas partes com quem tinha falado com quem no exterior da reunião.
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