Tornou-se figurinista por influência da mãe, que desenhava vestidos de casamento em Portugal. Hoje, no dia em que foram anunciados os nomeados aos Óscares de 2018, Luís Sequeira, lusodescendente que se radicou em Toronto, no Canadá, entrou para a galeria de honra de Hollywood depois de ter visto o filme A Forma da Água (The Shape of Water, no original) ter sido nomeado para o prémio de melhor guarda-roupa.

Pouco conhecido do grande público, apesar de ser um nome sólido na indústria do entretenimento, Luis Sequeira trabalhou durante seis anos no mundo moda, como recorda aqui a Costume Designer Guild. Depois, especializou-se nas pequenas e grandes produções. Da televisão ao cinema, o lusodescendente participou na produção de títulos como Cinderella Man, Being Erica, Carrie ou The Strain.

Na página pessoal de Facebook, é possível encontrar várias referências a Portugal, do Porto a Lisboa, com paragens por Espinho ou Carcavelos. Em dezembro, em entrevista ao Film Doctor, Luís Sequeira explicou assim o seu percurso: “Era um jovem estilista, trabalhei em conjunto com a fábrica e criei a minha própria linha. Acabei por deixar a moda e por entrar na indústria cinematográfica, como estagiário. Toda essa trajetória de trabalhar de baixo para cima em todas as áreas do guarda-roupa fez-me bem”.

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Foto retirada do Facebook de Luís Sequeira

Mesmo depois liderar muitos projetos, fui assistente de outros grandes designers. Essas experiências permitiram-me ver os processos criativos de outras pessoas e experimentar a realidade dos outros. Isso fez de mim um melhor designer”, comentava na altura.

Para a construção do guarda-roupa de A Forma da Água, Luís Sequeira inspirou-se no período da Guerra Fria. Visitou fábricas em Nova Iorque, Los Angeles, Filadélfia, Toronto e Montreal, à procura das peças mais vintage que conseguiu encontrar, como contou em entrevista ao Deadline.

“Tínhamos de contar os tostões, por isso tivemos de ser inteligentes e tomar as decisões certas. Tive de me certificar que a minha parte estaria à altura do incrível talento de todos”, revelou na mesma entrevista.

Prova dessa exigência são as palavras de Michael Shannon, um dos atores de A Forma da Água. Em declarações à Vanity Fair, o ator comparou o rigor de Luís Sequeira ao dos estilistas da Prada com quem trabalhara.

“Luís Sequeira queria que os meus fatos me assentassem de uma forma muito particular. Foi a prova mais exigente que já tive — ainda mais do que quando trabalhava com marcas como a Prada. Ele queria que todas as medidas fossem exatamente corretas e chegámos a passar por dois ou três alfaiates. Era quase uma loucura, uma obsessão para que as coisas servissem de forma correta”, revelou o ator.

A 4 de março, na noite da Cerimónia dos Óscares, Luís Sequeira saberá se 2018 marcará o ano de entrada para o Olimpo do cinema.