José Sócrates, ex-primeiro-ministro e antigo secretário-geral do PS, ficou surpreendido com a convocação de eleições primárias partido de que é militante, considerando que a convocação não é a melhor solução para a atual crise de liderança. E aconselhou o partido a ter prudência e bom senso.

“A solução apresentada constitui uma surpresa. Sempre tive uma visão prudente quanto a estas inovações na vida interna dos partidos, em particular em momentos de aflição”, disse Sócrates no comentário que faz todos os domingos no Telejornal da RTP, acrescentando que “a ideia das primárias nunca me foi simpática”.

Para José Sócrates, a questão das primárias parece ser “uma aventura em que o PS se vai meter e eu recomendaria a maior das prudências e uma troca de ideias interna. Não se precipitem, o pior que podia acontecer era uma barafunda e conflitos dentro do PS”.

Durante o comentário, o antigo primeiro-ministro defendeu António Costa. “Considerar a candidatura de Costa uma candidatura motivada pela ambição e pelo jogo de poder parece-me não só injusto como completamente despropositado”, disse, acrescentando que “qualquer direção não pode ficar enfurecida apenas porque um dos dirigentes tem uma leitura diferente dos resultados eleitorais”.

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Para Sócrates, “em qualquer momento qualquer dirigente do partido socialista tem a liberdade dizer que acha que há um problema no partido e a resposta a esse problema passa por uma mudança de liderança”.

“Este governo ainda não fez um orçamento constitucional”, afirmou José Sócrates.

José Sócrates não poupou nas críticas ao Presidente da República, responsabilizando-o diretamente pela situação salarial dos funcionários públicos, já que “não pediu nem a fiscalização preventiva, nem sucessiva” do Orçamento do Estado para 2014, cujas principais medidas foram chumbadas pelo Tribunal Constitucional.

“Este governo ainda não fez um orçamento constitucional”, disse, acrescentando que Cavaco Silva devia “retirar todas as ilações daquilo que são as competências” e “antecipar o mais rapidamente possível” as eleições legislativas previstas para 2015.