Já está. Paulo Bento revelou esta segunda-feira os 23 jogadores que vão com ele ao Mundial do Brasil e, afinal, não há assim tantas surpresas. A chave está numa palavra – polivalência. André Almeida, natural do meio campo que Jorge Jesus converteu a lateral (esquerdo ou direito) no Benfica, ganhou a corrida a Antunes e Rolando. Já Rafa, miúdo do Braga que tanto acelera a extremo como a número 10, deu ao selecionador a hipótese de levar um jogador de prevenção para duas posições do campo. E foi com isso que o treinador justificou a escolha.
Aos 21 anos, o jogador que o Braga contratou no último Verão ao Feirense vai ao primeiro Mundial da carreira. “Pode estar a médio ala ou a 10, o que nos permite inverter o triângulo do meio campo”, explicou Paulo Bento, quando os jornalistas presentes na sede da Federação Portuguesa de Futebol começaram a disparar perguntas.
Guarda-redes: Beto (Sevilha), Eduardo (Sporting Braga) e Rui Patrício (Sporting).
Defesas: André Almeida (Benfica), Bruno Alves (Fenerbahçe), Fábio Coentrão (Real Madrid), João Pereira (Valência), Luís Neto (Zenit), Pepe (Real Madrid), André Almeida (Benfica) e Ricardo Costa (Valência).
Médios: João Moutinho (Mónaco), Miguel Veloso (Dinamo Kiev), Raul Meireles (Fenerbahçe), Rúben Amorim (Benfica), William Carvalho (Sporting) e Rafa (Braga).
Avançados: Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Éder (Sporting Braga), Hélder Postiga (Lazio), Hugo Almeida (Besiktas), Nani (Manchester United), Silvestre Varela (Porto) e Vieirinha (Wolfsburgo).
A presença de Rafa nos convocados é um 2 em 1 aos olhos do selecionador – serve para tapar um buraco que possa ser aberto por algum dos quatro extremos (Cristiano Ronaldo, Nani, Varela e Vieirinha) e para a seleção ter um médio bastante ofensivo (e rápido) num trio de meio campo onde, por norma, Raul Meireles e João Moutinho atuam lado-a-lado.
A desculpa de faz-tudo também serviu para Rúben Amorim. “Pode fazer todas as posições do meio campo e, consoante a nossa estratégia, até pode jogar por fora e fazer de lateral direito”, argumentou o treinador. No currículo, convém lembrar, o jogador de 29 anos já tem experiências feitas à direita da defesa (com Jorge Jesus, em 2009/10) e a médio direito (em 2008/09, com Quique Flores).
No avião para o Brasil estará também William Carvalho, o que era expectável. De fora ficam André Gomes e João Mário, de quem o selecionador disse ter certezas de que “têm bem presente” o bom que foi já terem sido incluídos na lista dos 30 pré-convocados – que Bento divulgara a 13 de maio.
André Almeida está há dois anos a tapar buracos na defesa do Benfica e esta época até já o fez a meio campo – que, de resto, é a sua posição de origem. Já tinha duas internacionalizações e a qualidade de bem fazer as coisas em vários sítios do relvado leva-o para o Brasil. A ele e a Ricardo Costa, central do Valência que assim faz o bis – também em 2012 o defesa central que pode jogar a lateral foi ao Europeu graças à sua polivalência.
O dilema Ronaldo
Com Rafa nas escolhas, bastou a Paulo Bento ter quatro extremos na convocatória. Varela está na ‘família’ do selecionador desde o Europeu de 2012 e volta assim a acompanhá-lo numa grande competição. Vieirinha ganhou a corrida a Ricardo Quaresma e Cavaleiro – que não tinham sequer um minuto de jogo durante a fase de qualificação.
Uma conta de somar entre o extremo do Wolfsburgo e Nani dá um resultado de 1536 minutos de jogo esta época – até Ricardo Quaresma, por exemplo, para quem a temporada apenas começou em janeiro, tem 1904 minutos. Ou seja, chegam à seleção sem ritmo e com as pernas mais habituadas ao banco de suplentes (no caso de Nani) ou à recuperação de uma lesão ao joelho (Vieirinha). “Temos que os colocar a um nível que achamos bom para o campeonato do mundo”, admitiu Paulo Bento, dando certezas de que, “mesmo estando meses sem competir”, Nani será “útil” à seleção “como foi no Europeu de 2012”.
Depois sobra Cristiano Ronaldo. O capitão da seleção apenas esteve em 324 dos últimos 900 minutos de jogo do Real Madrid e já por duas vezes abandonou um encontro devido a lesão. Esta semana estará a recuperar para conseguir estar, no sábado, em Lisboa, na final da Liga dos Campeões.
E depois, como vai ser? “Temos que ver como acaba a temporada, avaliá-lo quando estiver connosco e traçar um plano específico”, explicou Paulo Bento, cujas respostas nada esclareceram quanto à atual condição física do melhor marcador de sempre da equipa das quinas. “Temos de conversar com ele e tomar a melhor decisão para o interesse do jogador e da seleção”, acrescentou.
O sumário das respostas dadas – quando Cristiano Ronaldo chegar à concentração da seleção (a partir de 26 de maio estará em Óbidos, até dia 30), logo se vê. Um facto é que, e o próprio Paulo Bento assim o garante, “qualquer equipa será sempre mais forte se contar com um jogador como Ronaldo”. E sem ele, como fica? Esperemos não ter de descobrir.