Alberto Pires, da empresa Mojito Bar Catering, tem por hábito visitar feiras internacionais de bar. Esteve em Berlim, Madrid, Barcelona e Londres, a cidade que considera ser, desde há oito anos, o centro do mundo no que a cocktails diz respeito. Gostou do que viu por lá e a ideia de criar algo semelhante no país de origem ficou. “Pensei neste desafio no ano passado e quis combater a onda de negatividade que se sente em Portugal”, conta ao Observador.
Do pensamento à ação: esta terça-feira é a vez de a capital receber um evento semelhante. O Lisbon Bar Show , de escala internacional, é o primeiro do seu género a acontecer em território nacional. Até às 21h00, o pavilhão de exposições da Tapada da Ajuda é ocupado por uma elite de bartenders. Ao todo, são mil metros quadrados dedicados ao mundo do bar show. Um dos pontos altos do evento é tentar obter o recorde no Guinness World Records com o maior gin tónico do mundo. Para tal, serão precisos 25 litros de gin e 75 litros de água tónica.
O evento, apostado na arte de servir o cocktail perfeito, vai ter vários focos de atração em simultâneo. “Temos uma série de oradores e todos eles são grandes bartenders“, os quais vão partilhar experiências e tendências. Destaque para Ian Burrell e Raj Nagra, considerados os embaixadores mundiais do rum e do gin, respetivamente. Já Jared Brown vai contar a história do gin – “ele e a mulher editam livros de cocktails há quase 20 anos”, explica Alberto. O talento nacional, por sua vez, ocupa a “Sala Portugal”. Falamos, por exemplo, de João Eusébio, da Escola Magatzem, em Barcelona, e Alex Ruas, do St. Olavs Bar, em Olso.
No concurso de flair serão ainda postos à prova as técnicas de 30 pessoas de nove nacionalidades. Para que não haja dúvidas, flair “é, mal comparado, como um bailarino que vai apresentar o seu número. Em cinco minutos fazem-se três cocktails com uma coreografia sincronizada com a música escolhida”. A competição tem um prémio de 1100 euros.
Entre outras atividades, há demonstrações específicas de marcas e provas de produtos portugueses, incluindo vinho do Porto, Madeira e Moscatel. Apesar de ser uma iniciativa vocacionada para a área profissional, “tem interesse para as pessoas que gostam do assunto”, garante Alberto. A entrada é, por isso, aberta ao público em geral (25 euros por pessoa; 1 euro reverte para a Associação MIMAR).
E porquê uma feira de bar agora? Para o organizador, a arte do bartender está cada vez mais evidente na sociedade portuguesa, “basta ver quantos cursos, academias, escolas e bares de cocktails existem atualmente no país; dá para perceber que é uma tendência, que isto está a mexer”. Dave Palethorpe, do Cinco Lounge, concorda com a ideia de que o trade está a crescer. Para ele, a feira é um marco importante que está a dar os primeiros passos. “É a forma de juntar a comunidade e de ver o que todos estão a fazer”. No que diz respeito ao gin, Dave assegura que a bebida não vai ficar fora de moda tão cedo, mas relembra que há muitas outras opções.