A final da Liga dos Campeões apenas será dividida se o Real Madrid não tiver Ronaldo. Deco, ‘o mágico’ que venceu duas Champions (Porto em 2004 e Barça em 2006), vê o Atlético de Madrid como um dos coletivos mais fortes do mundo, mas do outro lado há melhores individualidades. Há Benzema, Bale, Modric e o melhor jogador do mundo. Ou não. Cristiano Ronaldo não joga desde 7 de maio e, para Deco, as “chances” do Real só “aumentam muito” se o capitão da seleção estiver em campo.
O ex-internacional português, de 36 anos, esteve esta quinta-feira no Museu da Liga dos Campeões, em Lisboa, onde participou numa ação de promoção da UEFA. “Vai ser um jogo difícil para ambas as equipas”, defendeu, antes de voltar a sublinhar, porém, que “se o Cristiano puder jogar, as hipóteses do Real serão melhores que as do Atlético”.
Depois de apresentar quatro crianças que, no sábado, vão acompanhar os jogadores na entrada para o relvado, Deco classificou de “natural” a “dependência” que a seleção tem com Ronaldo. A equipa de Paulo Bento, prosseguiu, “perde muito se ele não estiver”. O ex-internacional português coincidiu com Cristiano Ronaldo na seleção entre 2003 e 2010, somando 75 jogos e cinco golos.
As semelhanças com dez anos pelo meio
Deco ainda jogava em 2004. E para o luso-brasileiro, essa época começou mal. Após conquistar a Taça UEFA na temporada anterior, o Barça queria caçá-lo. “Foi no início da época, tinha uma proposta para sair e o Porto não deixou”, confessou, em entrevista ao Observador. “Não fiquei chateado”, garante, mas a verdade é que “não estava ao mesmo nível” quando a temporada arrancou.
Nos primeiros meses de 2003/04, os dragões de José Mourinho impressionam: continuam a vencer no campeonato e passam a fase de grupos da Liga dos Campeões. A partir dos oitavos de final, a coisa ficou séria. “Aí brinquei com o Carlos Alberto e perguntei-lhe: ‘Queres ganhar a Champions? Então vou começar a jogar'”, recordou Deco, ao contar a história que o antigo companheiro de equipa – hoje com 30 anos e a jogar no Botagofo – também lembrou recentemente.
Ambos estavam na final de 2004, em Gelsenkirchen, na decisão da Liga dos Campeões onde poucos esperavam ver o Porto e o Mónaco. No sábado acontecerá o mesmo com o Atlético de Madrid. “Há muitas semelhanças. É uma equipa que joga quase da mesma forma, com a mesma intensidade e o mesmo caráter” que o Porto de José Mourinho, avaliou o luso-brasileiro.
E, sobretudo, “vê-se realmente que a equipa faz o que o treinador quer”, sublinhou Deco, acrescentando depois que Diego Simeone “começou com [estes] jogadores e cresceu com eles” – algo que o faz lembrar do percurso de José Mourinho nos dragões, entre 2002 e 2004.
O ex-internacional português sublinhou que, há dez anos, “as pessoas não estavam à espera” do Porto e o mesmo se passou em relação ao Atlético de Madrid, que chega à final de Lisboa já campeão espanhol. Os colchoneros empataram 1-1 em Camp Nou na última jornada da La Liga e festejaram a conquista em casa do Barça. E foi com a camisola blaugrana que, em 2006, Deco venceu a segunda Champions.