Centenas de ex-combatentes do Ultramar juntaram-se esta terça-feira em Lisboa, na tradicional cerimónia do 10 de Junho, reclamando “mais atenção” do Governo para com aqueles que, como eles, “lutaram pela pátria”.
Junto ao monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém, diversos ex-combatentes mostravam-se satisfeitos por reverem amigos de outros tempos mas também preocupados pelo seu futuro e pelo futuro dos seus familiares mais jovens.
“Espero que possamos mudar o rumo dos acontecimentos”, começou por dizer Hugo Coimbra, de 61 anos, que esteve no hospital militar de Bissau, na Guiné.
“Não sendo um militar de carreira, que esteve na frente de combate, ainda mais tenho respeito por todos os outros e pelas condições que tinham. O hospital militar era a amostra do que eram todos os horrores daquela guerra”, lembrou.
Já Domingos Manuel, que também esteve na Guiné, entre 1963 e 1965, diz que nem sempre participa na cerimónia do 10 de Junho mas este ano quis vir “para ver alguns amigos e ver a honra” concedida aqueles que lutaram “pela pátria”.
A história do país e o que os combatentes viveram merece, advoga, “mais atenção” dos governantes: “Não nos podem tirar aquilo a que temos direito”.
Arlindo Mourato, de 63 anos, esteve em Angola e diz que o Estado “não olha como deve ser” para alguns ex-combatentes, muitos dos quais feridos em guerra.
“Saí das saias da mãe para ir para a guerra”, lembrou ainda à reportagem da Lusa.
O presidente da Comissão Executiva destas comemorações, o tenente-general Sousa Rodrigues, destacou na sua intervenção que todos aqueles que combateram no Ultramar fizeram-no “combatendo em terras inóspitas, longínquas, em defesa de Portugal e dos seus valores”.
Também convidado a intervir, o professor Henrique Leitão lembrou que “as circunstâncias específicas do momento atual são muito diferentes das que se colocam diante dos combatentes do Ultramar”, embora os desafios não sejam menores.
“Os nomes que estão nas lápides deste monumento não evocam só saudade e perda; eles comprometem-nos: recordam-nos a todos, de maneira muito severa e muito exigente, que quaisquer que sejam as dificuldades, não se desiste de Portugal”, sustentou.
No momento seguinte, foram depositadas várias coroas de flores em memória de todos os combatentes que perderam a vida no Ultramar.