A Ucrânia, que desde segunda-feira está privada de gás russo, pretende definir em julho uma “estratégia comum” com a União Europeia (UE) sobre aquela fonte energética, revelou um responsável da empresa pública ucraniana.
“A Ucrânia pretende garantir uma estratégia comum (…), necessitamos de uma estratégia comum com a UE sobre a forma de resolver esta crise”, referiu Andrii Kobolev, o patrão da Naftogaz, em declarações à agência noticiosa AFP, após uma discreta reunião em Budapeste. “É tempo de unir os esforços de diversos países para resolver a questão do preço do gás de forma transparente”, acrescentou, antes de manifestar a “esperança de que os resultados possam ser obtidos em julho” ou, na pior hipótese, “antes da chegada do inverno”.
Kobolev anunciou na segunda-feira contactos com companhias europeias dispostas a fornecer gás à Ucrânia, após a decisão do grupo Gazprom de interromper novas entregas devido a um contencioso em torno da dívida de Kiev, e do preço imposto pelos russos.
A Naftogaz, cliente dos grupos alemão RWE e francês Gaz de France, está a tentar assegurar o aumento do fluxo de fornecimentos “alterados” de gás, numa referência ao que agora provém da Europa. Estes fornecimentos à Ucrânia, muito mal recebidos por Moscovo, são designados desta forma pelo facto de o gás russo abastecer a maior parte da Europa central e do leste, transitando pela Ucrânia no sentido leste-oeste.
“Prefiro chamar-lhes ‘fornecimento de gás pela Europa'”, insistiu o responsável da Naftogaz, numa referência aos abastecimentos “de capacidade total” provenientes da Polónia e da Hungria, mas também à esperança em aumentar os fluxos vindos da Eslováquia.
O diplomata norte-americano Carlos Pascual, emissário de Washington para as questões internacionais de energia e que também participou na reunião de Budapeste, sublinhou em conferência de imprensa tratarem-se de “volumes relativamente pequenos”. O ministro da Energia ucraniano, Iouri Prodan, acompanhou o patrão da Naftogaz à reunião de Budapeste.
O encontro, organizado por iniciativa da Hungria, foi convocado com a maior discrição possível e não foi anunciado nem confirmado pelo governo de Budapeste. A agência noticiosa nacional MTI mencionou-o, sem detalhes, no final dos encontros. “Não posso revelar quem são as pessoas com quem me encontrei, representam os governos dos principais países europeus, de países da Europa central”, precisou Kobolev à AFP, mencionado ainda “membros da Comissão Europeia”.