A Lisboa “menina e moça” que Carlos do Carmo um dia cantou parece ter crescido. Tornou-se numa mulher atraente e tem vindo a captar a atenção de quem a visita. Que o diga o Wall Street Journal, cujo artigo afirma que a cidade é injustamente ignorada enquanto destino turístico. A publicação elogia os encantos subtis da capital e recorre à opinião de quem melhor a conhece em busca de conselhos: onde comer e dormir, o que visitar e o que comprar. O chef José Avillez, o escritor Robert Wilson, a designer de interiores Alexandra Champalimaud e a atriz Daniela Ruah foram os eleitos para, a partir de experiências pessoais, sugerir pontos de interesse na cidade.
Avillez, a quem é dada a primazia, começa por fazer referência ao elétrico 28 “vintage e amarelo”, a bordo do qual aconselha um passeio pela zona antiga. Na categoria dos achados autênticos, recorda as lojas A Vida Portuguesa, de Catarina Portas. “Não se esqueça dos sabonetes e dos cadernos feitos à mão (…) Venho aqui muitas vezes para comprar presentes”. Para estadas românticas, Avillez menciona o Memmo Alfama Hotel.
Não falar de comida seria algo estranho para o chef. Por isso, e a título de exemplo, destaca uma das tendências que tem feito a cidade “borbulhar” de turistas – as conservas e a Conserveira de Lisboa. “Uma loja com as tradicionais conservas de peixe com embalagens incríveis e a alegria de um negócio familiar. Adoro a ventresca de atum em azeite, os filetes de cavala fumada e as sardinhas portuguesas em azeite”.
Para o escritor, e residente em part-time em Portugal, “o fado serve-se” na companhia de refeições bem portuguesas e dá o exemplo do restaurante Mesa de Frades. “Come numa pequena capela e os fadistas surgem em grupos. Eles cantam e as vozes ressoam no seu peito”. Descrevendo um “dos bares mais excêntricos da cidade”, Robert Wilson chama ainda a atenção para o Pavilhão Chinês, um local onde é possível desfrutar de um cocktail, um copo de vinho do Porto ou até mesmo de “uma simples cerveja”.
Alexandra Champalimaud aventura-se fora do centro lisboeta e recomenda uma visita de dia inteiro à romântica Sintra. O roteiro de assinatura inclui o palácio da vila, do século XII, o hotel Palácio de Seteais e o (quase) obrigatório Café Piriquita, onde é “impensável” entrar – dizemos nós – e não provar a típica queijada acompanhada de uma bica. A designer de interiores opta também por referir os joalheiros da coroa, Leitão & Irmão, como um destino certo para “prata moderna, porcelana e joias elegantes”.
E o que diz Daniela Ruah, a estrela da série televisiva NCIS: LA e que cresceu em Lisboa? Que o Bairro Alto, além de uma zona “incrível” da Lisboa antiga, marcada pelas ruas estreitas, miradouros e pequenas boutiques onde fazer compras, é um dos epicentros da vida nocturna da cidade. “Os bares tendem a ser algo pequenos e, no verão, podemos trazer a nossa bebida para a rua”. Os pastéis de Belém não são esquecidos e a atriz menciona ainda a Fundação Calouste Gulbenkian: “um centro cultural que abriga exibições de arte com peças de artistas como Monet, Renoir e Degas, bem como concertos e outras performances. É uma visita pouco dispendiosa e um sitio maravilhoso onde nos perdemos”. E porque falar de Portugal sem recorrer à ideia do marisco é inevitável, Daniela afirma, sem rodeios, que na Cervejaria Ramiro come-se o “melhor marisco da cidade”.
O Wall Street Journal incumbiu outros de desenhar mini roteiros em Lisboa, com base na vivência diária que de quem goza (e sabe gozar) o que melhor que esta conserva e agrega. No entanto, não se inibe de fazer as suas próprias sugestões, sobretudo ao nível cultural: há museus para todos os gostos, desde o Museu Coleção Berardo e o Museu do Design e da Moda, considerados trendy, à instituição dedicada ao fado, como representante do lado mais tradicional dos portugueses. Para a publicação, o melhor é a falta de multidões de turistas, à semelhança do que não acontece em capitais europeias como Roma ou Paris. “De volta a casa, delicie os amigos com as suas descoberta. Melhor ainda, não o faça”, alerta.