Nyong’o, Lupita. Pode não se fácil de pronunciar ou até de escrever, mas é o nome a decorar (caso ainda não o tenha feito). Desde que vestiu o papel da jovem escrava Patsey, no 12 Anos Escravo de Steve McQueen, pelo qual ganhou o Óscar de melhor atriz secundária, Lupita tem somado sucessos atrás de sucessos. O mais recente tem muito que se lhe diga: Lupita conseguiu a primeira aparição na capa da Vogue norte-americana. A produção fotográfica, para a edição de julho, foi realizada em Marrakech, Marrocos, e teve o cunho de Mikael Jansson. A atriz surge em poses sedutoras e desafiantes, num ambiente étnico que deixa muito à imaginação.
“Ela está mesmo a ter o melhor ano de sempre”, diz a Time. Se havia dúvidas quanto a isso, a capa em questão eliminou-as por completo. Aos 31 anos, Lupita parece andar de mãos dadas com a fama, que a tem tratado com carinho. Já em abril, foi votada a mulher “mais bonita” pela People’s, na 25º edição da atribuição dos títulos. A beleza de Nyong’o ofuscou as atrizes Keri Russell, Gabrielle Union e Molly Sims, que também figuram na lista. Outra prova do valor da mulher que, nascida no México, cresceu no quente Quénia, é o facto de ter sido apontada como embaixadora da Lancôme, no início de abril. Nada de anormal ter como “companheiras de equipa” Julia Roberts ou Penélope Cruz, que também colaboram com a marca de cosméticos.
As distinções vêm confirmar uma das características mais cobiçadas de Lupita – ser-se fashion icon não é para todos. A Vogue portuguesa explicava, em novembro do ano passado, que a “rapariga de pele de ébano” despertou a atenção de todos ao usar o primeiro Prada no Festival de Cinema de Toronto, em setembro último. Desde então, tem “premiado” as lentes de câmaras fotográficas com cores fortes e silhuetas femininas, que tornam a sua presença nas passarelas do mundo cinematográfico em algo inesquecível. Mas nada vem sem esforço: à Vogue norte-americana disse que “nada nos prepara para a temporadas dos prémios”. E porquê? “A passadeira vermelha parece uma zona de guerra, à exceção de que não podemos voar ou combater; temos de ficar ali e aguentar”.
Nyong’o, Lupita passou a maior parte da sua vida em Nairobi. A infância, apesar de privilegiada, foi pouco estável tendo em conta que o pai, professor de ciências sociais, chegou a ser opositor do governo vigente de Daniel arap Moi. Divergências e conflitos à parte, Lupita reclama a existência de uma família unida e que terá contribuído para o despertar de uma carreira enquanto atriz. O seu primeiro papel “legítimo” – é a Vogue que coloca as aspas – surgiu aos 14 anos, no teatro semiprofissional de Nairobi. “Foi aí que percebi que gostava mesmo desta coisa chamada playacting”. Em 2003, com 20 anos, começa a ter aulas de cinema e estudos africanos na Hampshire College, em Massachusetts, e, três semanas antes de se licenciar na Yale School of Drama, é escolhida para o papel que a vai ascender ao estrelato.
E porque o ano de 2014 está longe de acabar, na calha estão projetos com a Disney e com a saga Star Wars. Em Star Wars: Episode VII, que chega aos cinemas apenas no Natal de 2015, Lupita vai contracenar ao lado de Oscar Isaac e Adam Driver. Lupita, à data da entrevista, apenas comentou, em jeito de brincadeira, que ia viajar para uma galáxia muito, muito, distante. Em comunicado, a presidente da Lucasfilm e produtora do novo filme, Kathleen Kennedy, mostrou que não poderia ficar mais contente por ter Lupita (e também a atriz de A Guerra dos Tronos, Gwendoline Christie) enquanto membro do cast. Ainda sobre conflitos galáticos, Lupita explica que “é uma oportunidade maravilhosa trabalhar nestes reinos fantásticos. Estão a mundos de distância dos 12 Anos Escravo, isso é certo – mas os sonhos são feitos desse tipo diversidade”.