O CDS não tem pressa em discutir uma coligação pré-eleitoral com o PSD para as eleições legislativas, apesar do desafio de Marco António Costa, vice-presidente social-democrata, para que essa questão fosse definida rapidamente. Do lado dos centristas, a vontade é nada discutir antes do final do ano.
Dentro de pouco tempo, começa a negociação dentro do Governo sobre o Orçamento do Estado para 2015, um momento que se antevê difícil dadas as incertezas inconstitucionais com uma série de cortes deste ano (aumentos de contribuições para a ADSE, novos cortes salariais) e do próximo (Contribuição de Sustentabilidade, tabela única salarial e de suplementos).
Passos Coelho já admitiu que possa haver aumento de impostos se o Tribunal Constitucional chumbar as medidas de corte de despesa do Governo, mas o CDS não tem alinhado por esse discurso. O ministro da Economia, António Pires de Lima, por exemplo, já disse que as empresas e as famílias “não merecem” mais impostos.
“Não é possível estar-se a discutir politicamente um orçamento, ao mesmo tempo que se discute partidariamente uma coligação”, afirmou ao Observador fonte próxima de Portas, considerando que uma nova AD “não é prioridade” para o CDS. Entre os centristas, a convicção generalizada é a de que “há tempo”. “Ainda há muitas coisas para ver antes”, afirma um membro da comissão executiva do CDS ao Observador, referindo-se ao Orçamento.
O Orçamento é apresentado a 15 de outubro enquanto a clarificação no PS (as primárias para a escolha do candidato a primeiro-ministro) está marcada para 28 de setembro.
Esta calma contrasta com a pressa evidenciada pelo PSD. No final de maio, Pedro Passos Coelho disse na reunião do conselho nacional que poderia haver “em breve” novidades acerca da coligação pré-eleitoral com o CDS para as legislativas. Depois disso, o vice-presidente do PSD Marco António Costa defendeu, numa entrevista à Rádio Renascença, que “seria útil se se pudesse olhar rapidamente para uma coligação para o futuro”, referindo-se à aliança com os centristas. Esta entrevista causou estranheza no largo do Caldas. “Não sei por que é que deve ser rapidamente. As eleições são só em outubro de 2015”, comentava na altura um dirigente ao Observador.
Os centristas, porém, não esquecem outras palavras de Passos e que causaram irritação no CDS. Em entrevista ao Expresso em maio, o primeiro-ministro abriu a porta a aliança pós-eleitoral com o PS. Na altura, disse que “o país deve ser governado no quadro da maior estabilidade possível” e lembrou que o PSD “já esteve no Governo com o PS e com o CDS/PP”. “Não há nenhum partido com vocação de Governo que diga: eu só aceito governar se não tiver que governar com mais ninguém. Eu não direi isso”, afirmou.