Um pouco por todo o mundo a última crise fez de quase todos nós “especialistas” em economia. Taxa de desemprego, inflação, PIB, clima económico, dívida pública, spread, default, swap, CDS, FMI, BCE, troika, bailout… entrou-nos pelos ouvidos de tudo um pouco nos últimos seis anos.

Todos os dias saem indicadores económicos de todos os tipos. Jornais, televisões e rádios passam sem parar a mais ínfima mudança que dê uma pista de como a economia vai evoluir e se o pior já passou finalmente ou ainda nos espera mais austeridade, menos salários e mais dificuldade em encontrar emprego.

Mas se a imagem dos economistas e de todo este jargão económico costuma ser séria e chata, a verdade é que há sempre quem goste de pensar diferente. Para além dos indicadores que o INE, o Eurostat ou outros produtores de estatísticas, há quem goste de analisar a economia com recurso a formas… diferentes.

É aqui que entra a história destes 20 indicadores económicos (escolhidos entre muitos mais) que analisam a economia com recurso a ideias menos conservadores, e com menos econometria à mistura

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O Business Insider fez uma lista, aqui vai uma seleção dos indicadores mais originais:

Consumo de pipocas

Para escapar à realidade, os consumidores correm para os cinemas, independentemente da qualidade dos filmes disponíveis. Uma das provas é que um dos melhores resultados de bilheteira dos EUA foi durante a recessão de 2009.

Número de cadáveres não reclamados

Os funerais não são baratos, seja em que altura for. Nos EUA, caso os familiares do falecido não reclamem o cadáver, o Estado acaba por pagar os custos. Mais uma vez, em 2009, no auge da crise financeira nos EUA, quando eram destruídos mais de 500 mil empregos por mês, alguns Estados viram um aumento dramático do número de cadáveres nas morgues que não eram reclamados. O Estado de Detroit, por exemplo, quase duplicou os custos com funerais em apenas um ano.

Tempo que os vendedores dos carros demoram a fechar negócio

Pouco dinheiro, muitos carros para vender. Simples aplicação da lei da oferta e da procura resulta na queda do preço. Neste caso, diz o indicador, quando mais rápidos forem os vendedores a fazerem descontos nos carros que estão a tentar vender, pior é o estado atual da economia.

Indicador Olímpico

Durante os Jogos Olímpicos, os investidores parece que ficam menos atentos às notícias negativas. A prova? Um grupo de investimento fez uma análise dos resultados do principal índice da bolsa de Nova Iorque durante os Jogos Olímpicos até ao ano 1900 e encontrou uma correlação positiva em 18 dos últimos 26 jogos.

Venda de cremes para assaduras de bebés

Numa tentativa de poupar algum dinheiro em altura mais complicadas, os novos pais tentam poupar em fraldas. O resultado é o aumento da venda de cremes para a assadura de bebés (e há empresas que controlam estas vendas).

Tamanho dos saltos dos sapatos das mulheres

Cai a economia, sobem os saltos. Durante uma contração do ciclo económico, o tamanho dos saltos dos sapatos das mulheres vão no sentido inverso, no que alguns consideram ser um meio de escape à dura realidade das dificuldades económicas. Este padrão verificou-se antes e durante a Grande Depressão do final da década de 20 nos EUA e durante a crise das empresas tecnológicas no início deste século.

Mordidelas de mosquitos

O número de picadelas de mosquitos aumenta à medida que mais casas ficam vazias e sem manutenção. Com a relva a crescer e os quintas e piscinas sem serem alvo de manutenção, o terreno fica mais fértil para os mosquitos. Uma maneira de medir isto é ver as quedas nas empresas de manutenção de piscinas.

Vendas de comida enlatada

Não tem muito que saber. Durante os tempos mais complicados, as famílias mais pobres começam a cortar nos gastos com alimentação, mas como toda a gente tem de comer, acabam por virar-se para produtos mais baratos, entre eles, a comida enlatada.

Número de vezes que a palavra recessão é usada nos jornais

Um país normalmente declara que está em recessão após dois trimestres consecutivos de contração, mas esta declaração coincide com um aumento exponencial do número de vezes que a palavra é usada nos jornais. A revista britânica The Economist acompanha este indicador contando o número de vezes que a palavra aparece nos dois maiores jornais económicos, o Financial Times e o Wall Street Journal, e tem acertado em várias (exemplos de 1990, 2001 e 2007 nos EUA).

Primeiro encontro

O romantismo do primeiro encontro parece estar intimamente ligado com o ciclo económico. A prova é que durante os períodos de recessão, os sites de encontros têm um exponencial aumento dos seus clientes, chegando a bater recordes. Outros acontecimentos, como o atentado terrorista ao Wold Trade Center também levaram a aumentos consideráveis no trafego neste tipo de páginas.

Prostitutas da Letónia

O conceito é a aplicação da lei da oferta e da procura de forma básica. Durante tempos de crescimento, as mulheres conseguem arranjar melhores trabalhos, logo, há menos prostitutas nas ruas e os preços praticados por hora são mais elevados, já que há menos oferta.

Largura das gravatas

Este é um dois em um. Em primeiro lugar, os homens compram gravatas em tempos de recessão para passar a imagem que estão a trabalhar mais. Em segundo, as gravatas ficam mais estreitas durante os tempos de contração do ciclo económico, e mais claras durante tempos de expansão.

Corte de cabelo dos japoneses

Quanto mais visitas ao cabeleireiro, melhor os tempos. Mais dinheiro, significa mais disponibilidade para gastos não tão essenciais (as mulheres poderão discordar da classificação). Esse conceito é óbvio e, pelos vistos, há quem o monitorize. Cabelos mais curtos, significarão recessão, já que as mulheres cortam mais cabelo para evitar visitas desnecessárias ao cabeleireiro.

Indicador Happy Meal

Para proteger as margens de lucro, os restaurantes cortam nas ofertas às crianças durante os tempos de crise. O número de lápis de cera ou de cor oferecidos às crianças caem drasticamente, tais como outros bonecos. A cadeia Red Robin admitiu cortar para metade o número de lápis de cor que ofereceu às crianças.

Tamanho das saias das mulheres

Mito ou realidade? Há dúvida, mas também há economistas (caso de George Taylor, que criou este índice nos anos 20) que acreditam que quanto mais descidas as saias e os vestidos das mulheres, pior está a economia. Os retalhistas discordam, mas há economistas preocupados.

Quantidade de lixo

Quanto mais lixo, maior o Produto Interno Bruto (PIB). O conceito é relativamente simples, até porque para produzir mais lixo, é preciso comprar mais produtos. Este é um dos mais levados a sério, com os economistas Michael McDonough e Carl Riccadonna a encontrar uma correlação de 82% entre a quantidade de lixo produzida e a evolução do PIB.

Indicador do uso do batom

Foi criado por Leonard Lauder, presidente da Estée Lauder, e diz que as mulheres usam e compra mais batons em tempo de crise, por oposição a produtos mais caros. Exemplo: na recessão que se seguiu aos ataques de 11 de setembro de 2011 ao World Trade Center, em Nova Iorque, as vendas de batons nos EUA duplicaram.