Antes de assumir a presidência da China, em março de 2013, Xi Jinping prometeu “uma luta renovada” contra a corrupção entre a classe política chinesa. E as promessas são para cumprir. Só que, desta vez, não foi um membro do Partido Comunista Chinês (PCC) a ser detido, mas sim um popular pivôt de televisão, a minutos de o seu programa em direto entrar para o ar.
Rui Chenggang, pivô de um noticiário económico na principal televisão estatal chinesa (CCTV), foi detido na passada sexta-feira à noite, minutos antes de entrar em direto. A especulação sobre Chenggang começou no mês passado quando o seu chefe, Guo Zhenxi, foi detido por alegadamente aceitar subornos, de acordo com o governo chinês.
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A detenção de Chenggang esteve relacionada com a de Guo Zhenxi, de acordo com os meios de comunicação estatais, que citam a CCTV, e com uma investigação sobre o próprio Chenggang e a possível utilização pessoal de recursos da CCTV. O pivôt, que é conhecido por usar roupa de assinatura e por conduzir carros topo de gama, já foi considerado “a nova cara da China” pelos seus admiradores.
A detenção de Chenggang acontece semanas depois da de um dos principais oficiais do exército chinês. O general Xu Caihou, antigo vice-presidente da Comissão Militar Central, foi expulso do PCC depois de se ter descoberto que aceitava subornos. Até se reformar, em 2012, o general foi também membro do Politburo, um grupo de elite que supervisiona o funcionamento do PCC. Os media estatais consideram Caihou um “tigre militar” que foi apanhado na massiva campanha anti-corrupção lançada pelo presidente Xi Jinping, que prometeu que “tigres e moscas” serão alvos desta campanha. Ou seja, independentemente da posição na sociedade chinesa, todos os cidadãos podem vir a ser alvos desta campanha.
Frank Ching, um comentador político de Hong Kong, considera que a guerra de Xi Jinping contra a corrupção tem algumas limitações. “A corrupção é de tal maneira endémica que apenas as campanhas não vão chegar”, disse, citado pela CNN. “Algo tem que ser feito ao sistema. Houve apelos públicos para ser criada uma lei que obriga os funcionários a divulgar os seus ativos. Não houve nenhuma indicação de que isso vá para a frente. Na verdade, as pessoas que pediram essa lei acabaram na prisão”, acrescentou Ching. “Penso que as pessoas ficariam muito mais convencidas sobre a seriedade desta campanha anti-corrupção caso esta lei fosse aprovada”, concluiu.