“Produziu-se instantaneamente uma detonação terrível, inacreditável, sobre-humana, que nada poderia igualar, nem o ribombar dos trovões, nem o estrondo das erupções. (…) Nenhum espectador permanecera de pé; homens, mulheres, crianças, todos se deitaram como espigas vergadas pelo vento; ouviu-se um tumulto inexprimível, muitas pessoas ficaram gravemente feridas”, assim foi relatado o lançamento do projétil que se destinava à Lua, no primeiro dia de dezembro. O projétil criado pelo escritor Jules Verne, não a nave da NASA (agência espacial norte-americana).

Barbicane, Nicholl e Michel Ardan embarcaram no Columbiad. Neil Armstrong, Edwin ‘Buzz’ Aldrin e Michael Collins foram os tripulantes da missão Apollo 11, cujo módulo de comando se chamava Columbia, numa referência assumida ao francês genial. Ambos tinham como objetivo levar o homem pela primeira vez à Lua. Ambos partiram da Flórida, de locais a poucos quilómetros de distância. Jules Verne, com o livro “Da Terra à Lua”, escrito em 1865, antecipava em mais de 100 anos a viagem do homem à Lua.

Ao contrário de Neil Armstrong e ‘Buzz’ Aldrin, que colocaram os pés em solo lunar a 20 de julho de 1969, a bala disparada pelo gigantesco canhão da história de Jules Verne ficou presa na órbita da Lua e os três homens não chegaram a atingir o alvo. Na sequela, “À volta da Lua”, publicada em 1870, Barbicane, Nicholl e Michel Ardan conseguiram que o projétil saísse da órbita da Lua, mas em vez de se dirigir ao satélite terrestre como pretendido, caiu na Terra.

O visionário Jules Verne não mandou os três tripulantes sozinhos no projétil, iam acompanhados de dois cães – Diana e Satélite. Satélite acabou por morrer depois do lançamento. Também Laika, o primeiro cão a orbitar a Terra, não resistiu ao sobreaquecimento, depois de ter sido lançada para o espaço a bordo da nave espacial soviética Sputnik 2, a 3 de novembro de 1957.

Barbicane e os membros do Gun Club enviaram uma série de perguntas ao Observatório de Cambridge, no Massachusetts, entre elas: “Qual será a duração do trajeto (…)?”. Em resposta o observatório calculava cerca de quatro dias – “oitenta e três horas e vinte minutos, para atingir o ponto em que as atrações terrestre e lunar se equilibram e, deste ponto, cairá sobre a Lua em (…) treze horas cinquenta e três minutos e vinte segundos.” Em 1969, os astronautas deixaram o Centro Espacial Kennedy, na Flórida, no dia 16 de julho e alunaram no dia 20, quatro dias depois.

Os astronautas norte-americanos, no regresso à Terra, amararam no meio do Oceano Pacífico. O projétil de Jules Verne também.

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