A PT Portugal e a Vodafone assinaram um acordo para partilhar rede de fibra ótica a partir de esta segunda-feira, que permitirá a cada uma das operadoras passar a ter mais 450 mil casas com aquela tecnologia.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), a PT Portugal diz que o MEO, através daquela operadora, celebrou um acordo de desenvolvimento e partilha de rede de fibra ótica com a Vodafone Portugal, que terá efeito imediato.

O acordo foi entretanto anunciado também pela Vodafone que explica querer reforçar “o seu anunciado plano de expansão de fibra para um total de mais de 2 milhões de lares em 2015”.
Negociado ao longo do último ano, o acordo abrange a partilha de fibra ótica escura em cerca de 900 mil casas, em que cada uma das entidades partilha com a outra aproximadamente 450 mil casas.

Na prática, este acordo permitirá ao MEO aceder a mais 450 mil casas com a tecnologia de fibra ótica até casa do cliente (FTTH — ‘fibre to the home’), o que significa que a operadora poderá passar dos atuais 1,6 milhões de casas passadas, segundo divulgou anteriormente, para 2,050 milhões de habitações com a mesma tecnologia.

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A Vodafone Portugal também terá um mercado adicional, podendo chegar aos 1,950 milhões de casas passadas, já que o objetivo desta operadora, divulgado no final do ano passado ao mercado, era alcançar os 1,5 milhões de casas, aos quais se juntam agora mais estas potenciais 450 mil (em fevereiro a operadora tinha cerca de 750 mil casas com fibra ótica).

Trata-se de uma permuta de capacidade, em que cada uma das operadoras mantém os seus equipamentos e “total autonomia e flexibilidade no desenho das suas ofertas de retalho”, incluindo a disponibilização do sinal RF de televisão [capacidade de ter distribuição do sinal de televisão em todas as divisões], estando garantida a total confidencialidade da informação de clientes.

O acordo vai aumentar a concorrência nomeadamente com a NOS, empresa resultante da fusão entre a ZON e a Optimus, que, em fevereiro deste ano, anunciou durante a apresentação da sua estratégia que metade da expansão da rede fixa será feita com base na fibra ótica, ao ritmo de 200 mil casa por ano, o que poderia marcar uma viragem na estratégia da empresa, cuja rede assenta sobretudo na tecnologia Docsis 3.0, de cabo coaxial. A operadora contava em fevereiro com um total de três milhões de casas passadas (Docsis 3.0).

Segundo o comunicado enviado ao regulador, a partilha é concretizada através de um contrato de aquisição de Direitos de Uso Exclusivo (IRU — Indefeasible right of use) a 25 anos e permite a maior dinamização do mercado de retalho, através do reforço da capacidade de distribuição de ofertas de elevada velocidade e qualidade na internet e na televisão.
O presidente executivo da PT Portugal, Zeinal Bava, rejeitava há vários anos a hipótese de partilhar a rede de fibra ótica da empresa com outros operadores, argumentando haver imprevisibilidade regulatória.

Contudo, esclarecidas as questões regulatórias, o acordo agora alcançado permite uma utilização mais eficiente dos recursos financeiros, maior rentabilidade dos investimentos, aumentar o número de clientes e adquire especial interesse para a empresa, cuja estratégia é atingir uma geração de caixa positiva e a redução da dívida da Oi/PT Portugal, uma meta já avançada anteriormente pela operadora.

Por outro lado, o grupo britânico Vodafone está apostado na convergência, tendo este ano já adquirido a espanhola ONO por 7,2 mil milhões de euros e no ano passado a participação de 76,6% da Kabel Deutschland por 7,7 mil milhões de euros.

No comunicado, a PT Portugal frisa ainda que o acordo aumentará “o potencial de penetração dos seus produtos e serviços nos vários segmentos de mercado, nomeadamente consumo e empresas”.
As duas operadoras sublinham que vão manter total autonomia e flexibilidade das suas ofertas de retalho, mas que ambas vão reforçar a capacidade de distribuição de ofertas de elevada velocidade na Internet e na televisão.