A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) pediu nesta quinta-feira ao ministro da Economia que esclareça o “crescente descontrolo da gestão da frota da TAP e da qualidade do serviço prestado”.

“A CCP entregou esta tarde uma carta ao ministro da Economia manifestando a sua profunda preocupação, e também perplexidade, quanto ao crescente descontrolo da gestão da frota da TAP e da qualidade do serviço prestado, diz um comunicado da confederação. Para a CCP, sendo a TAP uma empresa de capitais públicos, “cabe ao Governo e, em particular, à tutela deste setor dar uma explicação sobre o sucedido e tomar as medidas necessárias para travar a degradação da imagem da companhia”.

“A TAP é um ativo demasiado importante para que a sua situação possa ser confinada apenas a critérios financeiros, sendo que, mesmo na lógica da sua possível privatização, é incompreensível que se esteja a contribuir para baixar desta forma o seu valor de mercado”, salientou a confederação patronal.

A CCP considera que a operação da TAP representa um serviço público e estratégico, na medida em que num país com a localização geográfica de Portugal o transporte aéreo de passageiros é um elemento essencial da nossa ligação ao mundo e, em particular, ao centro da Europa.

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“A TAP é a maior exportadora de serviços do país e o seu desempenho adquire uma grande relevância económica, e o seu impacto na economia vai muito para além dos resultados diretos registados pela companhia, interferindo com uma parte significativa da nossa atividade empresarial, com especial destaque para os serviços, onde não se inclui apenas o turismo” salienta o comunicado.

Para a CCP, está em causa a imagem da marca TAP e do país. A Confederação do Comércio considera que a Transportadora Aérea Portuguesa não é apenas mais uma empresa procurando sobreviver num mercado competitivo, pois a prestação de serviço público não é regulável no transporte aéreo apenas pelo mercado.

A CCP defendeu, por isso que as opções da TAP têm que ter em conta critérios de política geral e de política económica, em particular. “É isso que até agora justificou que a empresa permanecesse como empresa pública. É isso que, em qualquer circunstância, obriga a empresa a cumprir com obrigações de serviço público. Para o fazer não se lhe exige apenas que ocupe “falhas de mercado”, mas que se mantenha como uma empresa competitiva em rotas com maior oferta/procura e que não degrade a qualidade do serviço prestado”, defende a confederação patronal.

A TAP cancelou 37 voos programados entre hoje e sábado, justificando a decisão com um atraso na entrega de seis aviões Airbus à companhia de transporte aérea portuguesa, causa à qual considera ser “totalmente alheia”. Em entrevista à Lusa na semana passada, o presidente da TAP admitiu que um somatório de fatores associados a um crescimento do tráfego acima do esperado têm conduzido a cancelamentos de voos, o que classifica de “dores de crescimento”, que espera estarem sanadas em agosto.

“Tivemos um atraso na receção dos [seis] aviões, também um atraso na formação, sobretudo de tripulantes. Neste momento, conseguimos formar cerca de metade dos tripulantes que gostaríamos de ter formado”, declarou Fernando Pinto.