A ministra de Estado das Comunidades e da Fé britânica, Lady Warsi, demitiu-se esta manhã do cargo por já não poder “apoiar a política do governo britânico em Gaza”. O anúncio foi feito na sua conta de Twitter e em carta de demissão ao primeiro-ministro, Warsi alega que a política britânica no conflito israelo-palesteniano é “moralmente indefensável” e crítica ainda a remodelação no governo. Downing Street já disse que agradece o “excelente trabalho da ministra”.
O cargo de Sayeeda Warsi, que é baronesa, inclui que seja ela a levar a cabo as relações bilaterais com Afeganistão, Paquistão, Bangladesh (de onde provêm muitos imigrantes britânicos), com a Ásia central, é ela que conduz a política de direitos humanos e conduz ainda a relação com organizações internacionais como a ONU. Esta terça-feira, depois de David Cameron não ter alinhado com a condenação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que descreveu o ataque à escola da ONU em Gaza por parte de Israel como “uma ofensa moral e um ato criminoso”, Warsi demitiu-se, anunciando esta mudança no governo no Twitter.
With deep regret I have this morning written to the Prime Minister & tendered my resignation. I can no longer support Govt policy on #Gaza
— Sayeeda Warsi (@SayeedaWarsi) August 5, 2014
Na carta de demissão divulgada pela BBC, Warsi, que é de origem paquistanesa e muçulmana, diz que deixou de conseguir defender a política do governo britânico em relação a Gaza e que Cameron “não está assim a defender o interesse nacional” e que estas atitudes “terão um impacto prejudicial para a reputação do país“.
“Como ministra responsável pelas relações com as Nações Unidas, acredito que a nossa atuação em relação ao conflito israelo-palestiniano não é condizente com os nossos valores, especificamente com o nosso compromisso para com o cumprimento da lei e a nossa longa história de apoio ao Direito Internacional”, escreveu Warsi
A ministra critica ainda a recente remodelação do governo que afastou Ken Clarke, ministro da Justiça, e Dominic Grieve, procurador-geral, dizendo que é “a ausência da sua experiência e dos seus conhecimentos” se tornou “muito visível” nas últimas semanas. Em resposta, um porta-voz do governo britânico já veio dizer que o primeiro-ministro lamenta a demissão e que “agradece o excelente trabalho” levado a cabo como ministra, no entanto, não há qualquer alteração na posição sobre Gaza. “A nosso política tem sido consistentemente clara – a situação em Gaza é intolerável e nós temos pedido aos dois lado que cheguem a acordo sobre um cessar-fogo”, sublinhou.
Warsi, antiga vice-presidente do Partido Conservador, foi nomeada ministra de Estado das Comunidades e da Fé em setembro de 2012. Na sua conta de Twitter, Warsi tem vindoa dar conta da sua revolta contra a morte de crianças em Gaza e passado mensagens de conforto às mães que têm perdido filhos no conflito.
Can people stop trying to justify the killing of children. Whatever our politics there can never be justification, surely only regret #Gaza
— Sayeeda Warsi (@SayeedaWarsi) July 24, 2014
O Reino Unido está atualmente a rever as licenças de venda de armamento a Israel, mas não vai impedir que os produtores britâncos façam negócio, segundo o The Guardian. A revisão diz apenas respeito às licenças e vem no seguimento do conflito a decorrer em Gaza. Estas licenças abrangem vendas de 8 mil milhões de libras em armamento britânico a Israel, nomeadamente software criptográfico, comunicações militares e partes de várias armas.