A SpaceX quer que em 2100 as viagens interplanetárias sejam uma rotina. Mas o primeiro objetivo é enviar pessoas a Marte daqui a dez anos. As declarações foram feitas a semana passada por Gwynne Shotwell, a presidente da companhia aeroespacial sediada na Califórnia. “Pode parecer estranho, mas na minha perspetiva, é um risco que temos de correr para garantir que os seres humanos serão capazes de sair do planeta Terra caso aconteça um grande desastre”, afirmou à Marketplace Radio.
A SpaceX é uma empresa aeroespacial criada pelo multimilionário Elon Musk, cofundador da PayPal e dono da empresa de carros elétricos Tesla. É um inventor e magnata que tem uma fortuna (9,5 mil milhões de dólares, diz a Forbes) só ultrapassada pela ambição: quer ter pessoas a morar em Marte na viragem do próximo século. Começarão por ser uma dezena, mas o objetivo a longo prazo será estabelecer uma colónia com 80 mil pessoas.
Em 2006 a SpaceX estabeleceu um contrato com a NASA no âmbito do programa CTOS (Comercial Orbital Transportation Services) e foi a primeira empresa privada a reabastecer a Estação Espacial Internacional (maio de 2012). Foi também a primeira a colocar um satélite em órbita geoestacionária e tem já dezenas de contratos firmados para colocar mais satélites no espaço. A empresa concentra-se na produção de engenhos reutilizáveis, a única forma de tornar as missões espaciais comercialmente viáveis. Parece ficção científica mas os planos parecem realistas, a avaliar pelos testes bem-sucedidos já realizados. O foguetão Falcon 9 (que usa como combustível uma mistura de oxigénio líquido e RP-1) já foi capaz de levantar e depois aterrar, na vertical, com aceleração-zero, ou seja, sem provocar danos na sua estrutura.
Estes testes foram efetuados no oceano, com a SpaceX a pôr a hipótese de construir uma estrutura flutuante para a aterragem e transporte dos foguetões. Também nos planos está a construção de mais plataformas terrestres para assegurar várias dezenas de lançamentos por ano e prevenir os riscos que se fazem sentir, por exemplo, no Cabo Canaveral na Florida, onde o tempo instável obriga com frequência ao adiamento das missões. O próximo lançamento será ao princípio desta manhã (6h30): o foguetão Falcon 9 transportará o AsiaSat 8, satélite geoestacionário propriedade da empresa de telecomunicações sediada em Hong Kong. É o penúltimo de uma rede já estabelecida que cobre a Europa, Médio Oriente e Ásia. Pode acompanhar o lançamento aqui com imagens em direto do Cabo Canaveral. Em 2016 será posto em órbita o AsiaSat 9 (último da “série” e que substituirá o 4), dedicado às telecomunicações e análise meteorológica.
Liftoff! Falcon 9 launched the AsiaSat 8 satellite to GTO at 4am ET. http://t.co/FIyHery3RF pic.twitter.com/pYjj70nmkh
— SpaceX (@SpaceX) August 5, 2014
A SpaceX pretende ter os primeiros passageiros num passeio orbital nos próximos cinco anos e, daqui a dez, levar as primeiras pessoas a Marte. O objetivo a longo prazo é tornar as viagens interplanetárias uma prática comum. E são as empresas privadas que estão a trabalhar nisso; a Mars One é outro exemplo.