O Estado português poderia ter poupado 100 milhões de euros em “software” de sistemas de informação geográfica (SIG) e em “software” de produtividade/escritório entre 2008 e 2013, revela um estudo da Universidade de Coimbra (UC) hoje divulgado.

O Estado gastou “113 milhões de euros” durante aquele período, esclarece o mesmo estudo, coordenado por José Gomes dos Santos, docente no Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da UC, e que será apresentado mais exaustivamente durante as Primeiras Jornadas Lusófonas de Ciências e Tecnologias de Informação Geográfica, a decorrer de 11 a 13 de setembro, na UC.

De acordo com a informação divulgada pela UC, o Estado português, só em “software” SIG, gastou mais de 24 milhões de euros (24 752 909,08Euro – fonte: www.base.gov) durante aquele período, quando no mercado existem soluções alternativas de “software” livre “a custo (praticamente) zero”.

A pesquisa, realizada no âmbito da cadeira de “SIG e OPEN SOURCE”, do Mestrado em Tecnologias de Informação Geográfica (TIG) da UC, diz também que estes valores “disparariam” para os 113 milhões caso se acumulasse o valor consumido em “‘software’ de produtividade/escritório”

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“Saber quanto é que as instituições públicas portuguesas gastam em ‘software’ proprietário, especialmente em SIG (Sistemas de Informação Geográfica), quando há alternativas de ‘software’ de código aberto (também referido como ‘software’ livre) a custo praticamente zero, foi o ponto de partida para o estudo intitulado ‘Jangada de SIG na Administração Pública Portuguesa’ desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC)”, recorda a UC.

Estes valores, diz a Universidade de Coimbra, “foram apurados com base na inventariação e análise efetuadas aos dados contratuais disponíveis em plataformas públicas Online de Acesso Livre, como a Base.gov, relativos a instituições ligadas ao ensino superior e a instituições cuja moldura estatutária as enquadra na estrutura administrativa pública do Estado Português”.

“Este ensaio justifica-se pela dinâmica crescente que o ‘software’ livre/de código aberto tem vindo a protagonizar, em particular na última década, o que se traduz numa oferta plural de aplicações interoperáveis de elevada qualidade, e que pode permitir gerir melhor o dinheiro de todos nós”, explica o docente, citado em nota de imprensa.

A Universidade de Coimbra foi, “aliás, pioneira em Portugal no que respeita à introdução de ‘software’ livre em algumas unidades curriculares, por exemplo, da Licenciatura em Geografia e do Mestrado em TIG, contribuindo, assim, para uma mudança de paradigma”.

José Gomes dos Santos dá ainda o exemplo do Brasil, onde a “utilização de ‘software’ livre/de código aberto é praticamente obrigatória nos organismos públicos — incluindo os de ensino superior”.

As vantagens e desvantagens da utilização do Software Livre é um dos vários temas em discussão nas Primeiras Jornadas Lusófonas que reúnem, em Coimbra, mais de uma centena de participantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa com o objetivo de partilhar experiências e fomentar a construção de pontes lusófonas no âmbito da investigação e ensino das Geotecnologias (onde se incluem as tecnologias geoespaciais).