O candidato socialista às primárias do PS António Costa, afirmou quarta-feira que as dificuldades do partido em construir uma alternativa ao atual Governo PSD/CDS começaram com a abstenção socialista na votação do Orçamento de Estado para 2012.
“Quando o Governo, no Orçamento de 2012, disse que queria ir além da troika e que queria fazer um orçamento para além daquilo que era a exigência da troika, o Partido Socialista não fez aquilo que devia ter feito, que era um claro voto contra”, disse António Costa, num jantar com mais de 500 apoiantes na Costa da Caparica, em Almada.
“Há uma coisa que os cidadãos não perdoam aos políticos: os jogos floreados e a duplicidade. Não há abstenções violentas. Toda a abstenção é uma fraqueza e aquela abstenção foi a primeira fraqueza que fragilizou na construção de uma alternativa”, acrescentou.
O atual presidente da câmara de Lisboa criticou desta forma a justificação apresentada pelo líder socialista, António José Seguro – que terá como adversário nas primárias para escolha do candidato a primeiro-ministro do PS -, aquando da votação do orçamento de Estado de 2012. Na altura, o secretário-geral do PS justificou a posição socialista dizendo que se tratava de uma “abstenção violenta”.
No jantar realizado na Costa da Caparica, António Costa reafirmou também a ideia de que é necessária uma alteração profunda das políticas de austeridade do atual Governo, com uma aposta no investimento, no emprego, na educação, na qualificação profissional e em setores estratégicos da economia portuguesa como o turismo, entre outros.
Por outro lado, Costa acusou o executivo PSD/CDS de criar entraves à utilização dos fundos de coesão em políticas de reabilitação urbana, que considerou ser uma forma de promover uma maior eficiência energética, ao mesmo tempo que criticava a escolha de Carlos moedas para comissário europeu.
“Foram escolher para Comissário (europeu) alguém que é o mais ortodoxo dos ortodoxos que podia ser designado para comissário. Não sei se ainda se lembram do ministro Gaspar (Vítor Gaspar, ex-ministro das Finanças). Mas se achavam que o ministro Gaspar era um ortodoxo, então esperem para ver o que é o comissário Carlos Moedas, esse sim, é o ortodoxo dos ortodoxos”, concluiu.