Asteroides a atingirem a terra, pânico instaurado, o fim do mundo. Este é o enredo de vários filmes de ficção científica e pode já ter estado mais distante da vida real, 40.234 km de distância, para se ser exato. Na tarde de domingo um asteroide fez um voo rasante precisamente a essa distância da Terra. Mas sem motivos para alarmes: não há qualquer hipótese de colisão.

Astrónomos na NASA preocupam-se com as próximas situações deste género, acreditando que não tem havido investimento suficiente nas infraestruturas necessárias tanto para descobrir o asteroide mais cedo – este por exemplo foi descoberto com uma semana de antecedência – como para alterar a sua rota. Desenvolver a tecnologia que permite detetar asteroides deve ser prioridade, acreditam.

Na realidade, este asteroide já tinha sido avistado a 31 de agosto pelo Centro de Investigação de Catalina, mas só depois terá sido confirmada pela NASA. A agência internacional classificou-o como um 2014 RC com 18 metros de diâmetro, semelhante ao que atingiu Chelyabink na Rússia o ano passado. O 2014 RC passou ao largo da Nova Zelândia mas só foi possível avistá-lo com a ajuda de um telescópio.

Os cientistas acreditam que um asteroide capaz de causar danos à escala global só aparece uma vez em cada milhão de anos. Não obstante, não é necessário ser um asteroide gigante para causar danos significativos: em 1908, um asteroide, que tinha entre 60 e 190 metros de diâmetro, criou uma cratera numa zona remota da Sibéria, não havendo certezas acerca da sua dimensão, que destruiu 80 milhões de árvores. Quando atingiu o solo, descarregou energia mil vezes superior à bomba atómica de Hiroshima.

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Alexander Rose, diretor da Long Now Foundation – uma organização que acredita que os humanos falharam no pensamento a longo prazo – mostra-se preocupado: “Nós sabemos que, em determinado momento, um catastrófico asteroide ou meteorito colidirá com a terra. Pela primeira vez na história da humanidade temos capacidades para o detetar e alterar a sua rota. Mas não estamos a investir nisso”, disse ao site norte-americano Vox.

Resolver a situação e diminuir o risco passa por antecipar o problema. Através da utilização de telescópios, a NASA estima que 90% dos asteroides que avistou seriam capazes de causar uma catástrofe global. Mas que nenhum deles está na trajetória da terra. E não é fácil avistar massas mais pequenas que possam ter repercussões semelhantes às de 1908.

A maneira mais fácil de identificar mais meteoritos e asteroides é ter telescópios no espaço, onde não há interferências da atmosfera ou dos brilhos do sol. A NASA já fez a proposta para o lançamento de um destes. E neste também uma empresa privada, chamada Fundação B612, está a angariar 350 milhões de euros para uma missão que controlará outra zona.

Se estas duas missões forem levadas a cabo será possível avistar a maioria dos asteroides de tamanho médio. Mas duas missões estão longe de terem luz verde por falta de fundos. E, convém lembrar, mesmo que se aviste a massa a tempo ainda não há provas que se consiga alterar a sua rota com os meios que temos à nossa disposição.

As Nações Unidas já propuseram avançar com projetos e testes de um dispositivo que permitirá alterar a rota de um possível asteroide. Ainda esperam os 2 milhões de euros pedidos várias agencias espaciais. No final, os custos totais de todos estes mecanismos atingirão os quatro mil milhões de dólares.

N.R. O asteroide passou pela Terra no domingo dia 7, ao contrário do que este texto dizia inicialmente.