Adeus Paulo Bento. Olá… quem? A partir de agora, a pergunta é esta. Resta ver até quando. Para já, ninguém sabe. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF), ao anunciar a saída do selecionador, garantiu apenas que o sucessor será “conhecido em breve”. Okay, nada de mais. A primeira pista chegou pouco depois: o Observador apurou que o próximo treinador deverá ser estrangeiro. Um indício que fez o caminho estreitar-se rumo a duas questões.
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Porque não um treinador português?
Em suma, pelas opções, que neste momento são escassas. E os motivos são vários. Fernando Santos, ex-selecionador da Grécia, seria uma escolha natural e experiente — foi campeão nacional pelo FC Porto, treinou os três grandes e esteve num Europeu e num Mundial com a Grécia. Mas o último Campeonato do Mundo deu-lhe um vírus que alastrará à próxima seleção na qual pegar: a FIFA suspendeu o português por oito jogos oficiais.
Ou seja, se tomasse hoje conta da seleção nacional, Fernando Santos passaria toda a qualificação (restam sete partidas) fora do banco de suplentes. Na melhor das hipóteses, a estreia do treinador seria no segundo jogo da fase de grupos do Europeu 2016, ou na segunda mão do eventual play-off em que Portugal estivesse para lá chegar. Fonte oficial da FPF, aliás, adiantou ao Observador que o técnico, de 59 anos, não faz partes dos possíveis candidatos.
Depois há os treinadores com clube. E são muitos. Para a marca do técnico nacional, isto até é bom sinal — Portugal é o país com mais treinadores na atual edição da Liga dos Campeões. São cinco: José Mourinho, André Villas-Boas, Jorge Jesus, Marco Silva e Leonardo Jardim. E parece improvável que qualquer um deles abandone o Chelsea, o Zenit, o Benfica, o Sporting ou o Mónaco, no arranque da temporada, para pegar no volante da seleção nacional e deixar o clube desamparado. Além de que, a acontecer, implicaria o pagamento de uma compensação financeira para os libertar do vínculo com a atual equipa.
Com isto, sobram os desempregados. Há dois nomes que se destacam e que, de resto, já chegaram a ser falados. O primeiro é Vítor Pereira. Aos 46 anos, o hoje comentador televisivo já não dá ordens a uma equipa desde maio, quando saiu do Al-Ahli Jeddah, clube da Arábia Saudita. A aventura no Médio Oriente aconteceu após o treinador ser bicampeão com o FC Porto. Foi criticado e olhado de lado pelos adeptos, mas a verdade é que, em duas épocas, só perdeu um jogo para o campeonato.
Por último, entre os experientes e maduros, há Jesualdo Ferreira. Homem que também treinou os três grandes e o mais recente aspirante a ser o quarto, o Sporting de Braga. Foi lá que esteve na última época, até fevereiro, quando abandonou o clube devido aos resultados aquém do esperado. No currículo tem os três campeonatos que venceu com o FC Porto, entre 2006 e 2009, e os quatro anos em que trabalhou com as seleções de sub-21 e sub-20, entre 1997 e 2000. Com 68 anos, é o mais velho entre os nomes portugueses que, até ao momento, foram apontados como possíveis sucessores de Paulo Bento. Caso a FPF restringisse a procura ao que é nacional.
E um estrangeiro…?
Há várias razões para a seleção escolher este caminho. Primeiro, a escassez de treinadores portugueses de alto gabarito disponíveis: estão todos colocados. Okay, restam os que mencionámos em cima, mas parece pouco credível. Olhemos lá para fora então. Poderá chegar alguém sem vícios, que é como quem diz, sem problemas para colocar jogadores com estatuto na prateleira. E que talvez seja mais frio na hora de analisar aqueles que estão melhores e piores na nossa Liga.
Outros argumentos a favor desta via podem ter que ver com o historial e a escola que estes treinadores representam. O Observador definiu três alvos, sendo que estamos a navegar em águas incertas, pois claro. Frank Rijkaard, holandês de 51 anos, parece ser uma solução interessante. Tem um grande passado como jogador e um legado positivo no Barcelona como treinador, onde ganhou uma Liga dos Campeões (2006) e dois campeonatos. Estranho, por isso, o que se passou a seguir: dois anos sem clube, Galatasaray e seleção da Arábia Saudita.
Em 1987/88 chegou a Lisboa para jogar de leão ao peito, mas nunca pisaria o relvado de Alvalade. Há bem pouco tempo voltou a ser ligado ao Sporting, desta vez para treinador. Os ares lisboetas parecem cair-lhe bem. Fala espanhol e é a favor do futebol atrativo, não fosse ele holandês de gema, um soldado à disposição da Laranja Mecânica de 1988 — aquela inspirada por Rinus Michels, que conquistou o Europeu desse ano e perpetuava o reinado de Johan Cruyff no Barcelona, entre 1988 e 1996.
Roberto Mancini poderá ser outro dos nomes em cima da mesa. Fiorentina, Lazio, Inter, Manchester City e Galatasaray, eis o percurso deste treinador italiano de 49 anos. Fantástico avançado, com técnica, classe e altivez, mas nem por isso um aventureiro como treinador. O pragmatismo seria o prato do dia, arriscamos dizer, mas os 13 troféus na carreira obrigam a dar-lhe o benefício da dúvida.
Para último deixámos o mais improvável: Jupp Heynches. O alemão está fora de combate, sim. ‘Pendurou as botas’ depois do triplete conquistado ao serviço do Bayern Munique, mas seria alguém com serenidade e experiência suficientes para arrumar a casa. Aos 69 anos, nunca treinou uma seleção na longa carreira iniciada em 1979, ao serviço do Borussia M’gladbach. O alemão até já conhece Lisboa, quando chegou em 1999 para treinar o Benfica durante uma temporada. E se o telefone tocar, senhor Heynches?