“Oh fuck!” A constatação de que as escadas rolantes estão avariadas motiva esta reação a uma turista loira que, sozinha, tem de carregar uma grande mala de viagem pelas escadas abaixo. A maioria das reações não é tão expressiva, mas o descontentamento entre os turistas e lisboetas é evidente. O segundo lanço descendente das escadas rolantes da estação de Metro da Baixa/Chiado, em Lisboa, está parado há um mês, desde 12 de agosto. A situação faz com que os passageiros se resignem a descer pelas escadas normais, mas os abanos de cabeça são inevitáveis.
Só no espaço de dez minutos o Observador contou 15 turistas com malas de viagens que se viram forçados a desviar-se das escadas rolantes para as outras. Outros tantos, nacionais e estrangeiros, sem malas, também são obrigados a fazer o mesmo. “Há um mês que vejo esta escada parada, há um mês!”, grita uma mulher para o ar, em jeito de protesto. No local, um aviso alerta para o facto de aquele equipamento estar em reparação e até há um espaço para a data de reabertura, que algum passageiro mais bem-humorado preencheu com “83/08/2015”.
“Esta escada encontra-se em reparação pela empresa representante da marca”, a ThyssenKrupp, informa o Metro de Lisboa, apesar de, no local, não serem visíveis quaisquer trabalhos. “Segundo a informação de que dispomos, a empresa está a aguardar o envio de peças do fabricante”, refere a transportadora, que “prevê a reposição do funcionamento deste lanço de escadas ainda durante o mês de setembro”.
As avarias nas escadas rolantes do Metro de Lisboa estão longe de ser uma novidade. Em 2010, perante uma paragem generalizada de pelo menos oito dos 12 lanços de escada só na estação da Baixa/Chiado, foi o próprio António Costa, presidente da autarquia, a considerar “inacreditável” a frequência com que aqueles equipamentos se avariam. O Observador tentou saber quantas avarias nas escadas rolantes desta estação já houve este ano, mas o Metro não respondeu. Também junto da ThyssenKrupp não foi possível, até ao momento, obter esclarecimentos.
Atualmente, afirma o Metro, são 14 as escadas e/ou tapetes rolantes que estão inoperacionais, de um universo de 234. Ou seja, são 6% dos equipamentos que estão avariados. Pode parecer pouco, mas para quem faz esses percursos diariamente a situação pode exasperar. Pelo menos do “oh fuck” a empresa já não se livra.
O mistério da queda de azulejos
Outro problema com que o Metro de Lisboa teve de lidar recentemente foi a queda de azulejos da estação do Marquês de Pombal, sem que a empresa saiba exatamente o que aconteceu. Primeiro, caíram quatro e, depois, “o Metro, por questões de segurança, optou por retirar os restantes que poderiam eventualmente encontrar-se na iminência de cair”, explica a transportadora.
Alguns dos azulejos caídos tinham motivos desenhados pelo artista Menez relativos à vida de Sebastião José de Carvalho e Melo, que dá nome à zona e à estação. Uma vez que esses mosaicos não poderão ser reutilizados, “encontra-se em fase de avaliação a produção de novos azulejos que serão colocados logo que os mesmos estejam disponíveis”, informa o Metro.