Paletes velhas de madeira e pneus usados amontoam-se num armazém em Montemor-o-Novo antes de ganharem nova ‘vida’ como móveis, graças à criatividade de uma empresa que dá uma “alma verde” ao que outros consideram lixo.

A empresa, precisamente designada Alma Verde, foi constituída há cerca de um ano, mas só agora, após cerca de sete mil euros de investimento inicial, está a dar os ‘primeiros passos’ na produção e comercialização dos móveis.

A ideia, materializada no Centro de Acolhimento às Micro e Pequenas e Médias Empresas (CAME) de Montemor-o-Novo, partiu de Sadilha Batista, que se tornou empreendedora, em colaboração do marido Joaquim, sempre com a preocupação ecológica como ‘pano de fundo’.

Essa “vertente ecológica”, diz a agência Lusa, está presente no facto de a empresa “reutilizar os materiais” e no objetivo de “mostrar às pessoas” que se podem “fazer peças lindíssimas, com criatividade e até com algum estilo e beleza”, a partir de “coisas que, em princípio, eram para deitar para o lixo”.

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Para Joaquim, o reaproveitamento de pneus e de paletes de madeira para móveis “únicos” é uma tarefa que dá “muita satisfação” e permite dar largas à imaginação: “Tudo o que a gente consiga imaginar, consegue-se, de facto, criar com as paletes”.

“Fazemos ‘poufs’, com o reaproveitamento dos pneus”, mas, no futuro, “queremos fazer peças só com pneus, sem serem forradas com tecidos”, explica o carpinteiro da ‘casa’, realçando que a mulher é quem se ocupa mais da decoração dos móveis e dos trabalhos de costura.

O espaço que detêm no CAME está ‘recheado’ de paletes, umas por utilizar, outras já meio desmontadas e ainda algumas adaptadas a mesas de trabalho. Por todo o lado, estão presentes tábuas e tabuinhas, aparas de madeira ou bancos a meio de serem construídos.

Os móveis que ‘nascem’ das mãos deste jovem casal são, sobretudo, vocacionados para exterior, aproveitando o facto de a madeira das paletes ter tido um tratamento inicial e, no final, após a peça de mobiliário estar concluída, voltar a levar outro produto de proteção.

Cadeiras, sofás, mesas, bancos ou floreiras são peças que têm criado, tal como outras vocacionadas para interior, como castiçais para velas, suportes de livros, prateleiras, estantes, móveis para a televisão ou expositores.

Os produtos têm agradado “a pessoas dos nove aos 90 anos”, afiança Sadilha, referindo que a empresa não obedece a um único estilo e aceita encomendas personalizadas.

“Não importa se é contemporâneo ou o que seja, mas sim que saia algo bonito e que a própria pessoa também se sinta feliz, porque desenhou aquela peça”, afirma.

A Alma Verde (www.almaverde.pt) pretende, em fases de negócio e de investimento subsequentes, alargar o leque de materiais que usa – convertendo, por exemplo, resíduos de ferro em móveis – e vender peças para turismos rurais ou ecológicos e lojas de produtos ‘gourmet’: “O céu é o limite”, assegura a empreendedora.