Depois de três Ofertas Públicas de Aquisição (OPA), agora uma proposta de negócio fora de bolsa. A UnitedHealth, dona da Amil, a empresa que comprou os hospitais HPP à Caixa Geral de Depósitos, fez uma oferta não vinculativa pela participação que a RioForte tem na Espírito Santo Saúde (ES Saúde), avança o Diário Económico.

O nome da Amil já tinha sido referido algumas vezes e até Marcelo Rebelo de Sousa tinha dito, no seu comentário semanal, que a empresa poderia entrar na corrida, o que elevaria os valores. No entanto, a oferta é diferente das três OPA já em cima da mesa, feitas pela seguradora Fidelidade, pelos chineses da Fosun, pelo grupo mexicano Ángeles e pelo português José de Mello Saúde.

De acordo com o Económico, a proposta dos norte-americanos foi feita por carta na sexta-feira, 19 de setembro, e visa negociar com a RioForte a aquisição de 55% da Espírito Santo Healthcare que, por seu lado, domina 51% da ES Saúde. Desta forma, tentam contornar fora de bolsa as ofertas que estão em cima da mesa, todas em bolsa e para a totalidade do capital.

Em troca, os norte-americanos oferecem 4,75 euros por ação, um pouco acima da oferta da Fidelidade, que esta terça-feira propôs comprar a empresa dirigira por Isabel Vaz por 4,72 euros por cada ação. O grupo Espírito Santo Saúde é liderado por Isabel Vaz, mas ainda é controlado pela Rio Forte, uma das holdings insolventes do Grupo Espírito Santo – que não poderá tomar qualquer decisão sobre o seu futuro até uma pronuncia do Tribunal do Luxemburgo (prevista para 6 de outubro), por estar sob proteção contra credores.

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Caso tenha de avançar por via do lançamento de uma OPA, a oferta que a UnitedHealth fez à RioForte terá de ser aumentada para, pelo menos 4,82 euros, lembra o Diário Económico, de modo a ultrapassar em pelo menos 2% a última oferta apresentada, a da Fidelidade.

A UnitedHealth, que detém a Amil, estará assim a tentar contornar o prazo de cinco dias para poder registar uma OPA, depois de a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter aceite, na última sexta-feira, o registo da oferta do Grupo Ángeles, que começou a decorrer terça-feira e termina a 3 de Outubro. A CMVM terá uma palavra decisiva na viabilização deste eventual negócio, assim como o Governo, que tem de dar parecer sobre as ofertas dos Mello e da Fidelidade. O Negócios e o Dinheiro Vivo acrescentam também que o supervisor pode alargar o prazo por uma semana, dando espaço à subida das propostas.

Ao contrário da Fidelidade, que apenas depende da autorização ou declaração de não oposição por parte do Ministério da Saúde por causa do Hospital de Loures, gerido em regime de Parceria Público-Privada, para poder avançar com o registo da oferta na CMVM, a Amil poderia estar numa situação de dependência face ao parecer da Autoridade da Concorrência, à semelhança do que acontece à José de Mello Saúde.

O Grupo Mello também terá ensaiado contactos diretos com a RioRorte, precisamente por causa dos problemas de calendário. Mas, segundo o Económico, o contexto de pedido de proteção de credores e a avaliação de que seria difícil uma operação sem passar pelo mercado, levou o grupo a optar pela OPA.