O navio acabara de embater contra uma rocha. Estava a meter água e era necessário tirar do navio as 4.252 pessoas que seguiam a bordo. E foi essa a ordem dada pelo capitão. Ao invés de ajudar nas operações de evacuação, porém, Francisco Schettino dirigiu-se antes ao convés n.º 11 do Costa Concordia. Em tribunal, quando falou deste momento, o capitão explicara que se encaminhara para aquele sítio do cruzeiro para verificar o estado do lado estibordo do navio. Mas não — o italiano estaria antes à espera que um helicóptero chegasse para o resgatar.
Pelo menos foi isto que a imprensa italiana escreveu esta quarta-feira. Erradamente. Quem o diz é Domnica Cemortan, mulher que estava ao lado de Francesco Schettino a 13 de janeiro de 2012. A moldava, de 25 anos, que na altura tinha uma relação amorosa com o capitão do Costa Concordia, defendeu que o italiano tinha planeado que um helicóptero fosse, isso sim, buscar “uma mala” a terra após ambos terem saído do navio.
Esta informação, contudo, não foi a mesma que a imprensa italiana reproduziu esta quarta-feira.
De acordo com a “Oggi”, uma revista transalpina, a dançarina, que conheceu Schettino a bordo do navio, teria contado à publicação como o capitão planeara usar o helicóptero para evacuar o navio. Isto já depois de, a 23 de setembro, a moldava ter escrito na sua página de Facebook que o capitão italiano tinha “seis dias para contar a verdade” sobre o que teria acontecido no dia do naufrágio do navio — o pior incidente náutico desde a Segunda Guerra Mundial, que vitimou 32 pessoas ao largo da ilha de Giglio, ao largo da Toscana.
A história era esta. Após dar ordem para a evacuação do cruzeiro, Schettino e Cemortan, contou a dançarina, foram ao encontro de Ciro Onorato, maître do navio e irmão do diretor geral da Costa Crociere, empresa detentora da embarcação, que estava na ponte do navio.
Os três depois encaminharam-se para o tal convés, onde teriam aguardado durante “cerca de 20 minutos” até “alguém telefonar” a Schettino. “Após a chamada perguntei-lhe onde estava o helicóptero. Ele disse-me que os planos tinham mudado e que tínhamos de voltar para o convés inferior do navio”, teria explicado Domnica Cemortan à revista.
A mulher, porém, desmentiu esta quarta-feira, na sua página de Facebook, a versão veiculada pela imprensa italiana. “Um helicóptero veio a terra, não ao navio, cerca de duas horas após evacuarmos o cruzeiro, para apanhar algo muito importante”, explicou, apenas.
Em julho último, dois anos e meio após o acidente — ocorrido quando Schettino aproximou em demasia o navio de terra e acabou por fazê-lo colidir contra uma rocha –, o Costa Concordia foi transportado até ao porto de Génova, em Itália, onde está a ser desmantelado. O custo da operação foi estimado em cerca de 1,5 mil milhões de euros.